Autor de “O Nome do Vento” lê prólogo do terceiro livro – ACONTECEU! Hoje durante a live no Twitch para arrecadar fundos para o “Heifer International” que ajuda comunidades ao redor do mundo, o autor da aclamada saga “A Crônica do Matador do Rei” leu o prólogo do terceiro livro “As Portas de Pedra”.

O livro ainda não tem data de lançamento, mais muitas informações pontuais já foram reveladas durantes suas lives nesse ano. Todas as informações traduzidas podem ser encontradas na nossa playlist do YouTube sobre a saga aqui.

Além disso o autor também revelou a sua nova marca “Underthing Press”, onde publicará novos livros com a ajuda de seu amigo de longa data Shawn Speakman.

Pat anunciou que vai reimprimir diversos livros que são importantes para ele que ficaram esquecidos ao longo dos anos. O autor também revelou que lançará a comic “O Menino que Amava a Lua” com esse novo selo.

Autor de "O Nome do Vento" lê prólogo do terceiro livro
Reprodução: Twitch

“Iremos trazer diversos livros de volta para a “luz”” disse Patrick Rothfuss.

O prólogo pode ser conferido abaixo em inglês e a tradução disponível foi feita pelo leitor Lucas de Oliveira . Além disso a live que ocorreu no Twitch teve os melhores editados no vídeo abaixo: 

Prólogo de Doors of Stone, lido pelo Pat:

“Um Silêncio em Três Partes

Ainda era noite no meio de Nalgures. A Pousada Marco do Percurso repousava em silêncio, e era um silêncio em três partes.

A parte mais óbvia era uma quietude ampla e repleta de ecos, feita das coisas que faltavam. Se o horizonte já mostrasse o mais tenro tom de azul, a pequena cidade estaria fervilhando; haveriam gravetos crepitando, o gentil sussurro de água fervendo para mingaus ou chás; e o ruído lento e úmido, de pessoas caminhando pela grama, já teria varrido o silêncio dos degraus das casas com a aspereza de uma velha vassoura de bétulas.

Se Nalgures fosse grande o suficiente para necessitar de guardas, eles já teriam se arrastado penosamente e resmungado o silêncio para longe, como um estranho indesejado. Se houvesse música… mas não, é claro que não havia música. Na verdade, não havia nenhuma dessas coisas, então o silêncio persistia.


No porão da Marco do Percurso, havia cheiro de fumaça de carvão e ferro chamuscado. Por todo lugar viam-se evidências de trabalho apressado: ferramentas dispersas, garrafas largadas em desordem, um derramamento de ácido sibilando quieto para si mesmo, após escorrer pela borda de uma larga vasilha de pedra. Perto dali, os tijolos de uma minúscula forja faziam barulhos de pequenos e doces silvos enquanto esfriavam. Esses barulhos diminutos e esquecidos adicionavam um silêncio furtivo ao maior e mais oco. Eles o amarravam, como minúsculos pontos de uma linha de latão brilhante. Um contraponto de tambores graves, um timbre, as batidas no fundo de uma canção.


O terceiro silêncio não era algo fácil de se notar. Se você ouvisse por tempo suficiente, talvez começasse a senti-lo no cobre frio das fechaduras da Marco do Percurso, bem trancadas a fim de manter a noite distante. Ele espreitava-se nas madeiras grossas da porta, e se aninhava profundamente nas pedras acinzentadas das fundações da construção. Estava nas mãos do homem que havia arquitetado a Pousada, enquanto esse despia-se ao lado de uma cama simples e estreita.


O homem tinha cabelos ruivos de verdade, vermelhos como a chama. Seus olhos eram escuros e exauridos e ele se movia com o lento cuidado de alguém que está gravemente ferido, ou cansado, ou velho além de seus anos.


A Marco do Percurso era dele, assim como o terceiro silêncio era dele. Isso era apropriado, uma vez que era o maior silêncio dos três, envolvendo os outros dentro de si. Era profundo e amplo como o fim do outono. Era pesado como uma grande pedra alisada pelo rio. Era o som paciente, som de flor colhida, de um homem que está esperando morrer.”