Após a publicação de O Cão de Caça e do vindouro mangá que adapta O Habitante da Escuridão, a editora JBC lançou A cor que caiu do espaço. Adaptado do conto homônimo de H.P Lovecraft, e com artes de Gou Tanabe, a publicação ilustra umas das narrativas mais misteriosas e intensas de Lovecraft (talvez, junto com Sussurros na escuridão).
Se passando em um vilarejo próximo da cidade de Arkham, sua narrativa começa com um engenheiro pesquisando a região para a construção de uma represa. O cenário natural muda, quando ele chega a uma área apelidada de “brejo maldito”, local cercado de acontecimentos esquisitos durante os “dias estranhos”. Sem ter muito com quem buscar informações, o homem procura saber mais dos acontecimentos da região com o vizinho da família, chamado Ammi Pierce, que morava onde o brejo se localiza. A partir deste ponto é contada a história de Nahum, sua família e o dia que meteoros atingiram sua fazenda.
O que mais me intriga em A Cor que Caiu do Espaço é a sua lentidão aterrorizante, que avança de forma silenciosa até se tornar dominante e fatal. Toda a passividade dos personagens envolvidos no desenrolar dos acontecimentos é angustiante e conseguimos observar passo a passo como a influência da Cor afetou não só as plantas e animais, mas também a família. Em sua arte, Gou Tanabe consegue transmitir essa passividade violenta, que carrega as emoções provocadas pelo conto de H.P. Lovecraft.
O material está com uma boa qualidade, incluindo marcador de página com a arte da capa com orelhas e reserva em verniz, miolo em papel Polen Bold de alta gramatura. Uma edição bastante caprichada e cuidadosa.
O mangá faz uma boa releitura do conto original, conseguindo representar todo o mistério, ansiedade e desespero no qual a história está envolvida. A arte captura esses aspectos e busca colocar em seus enquadramentos o quão bizarra, macabra e hostil a fazenda se tornou após os acontecimentos. Por se aproximar tanto do conto, é uma leitura que vai agradar muito aos fãs de horror cósmico, já para quem não conhece pode ser um bom primeiro contato com o gênero que evoca diversos sentimentos a partir do desconhecido.
*Material para análise enviado pela Editora JBC