A cultura pop é composta por diversas influencias na criação de personagens, ambientes e universos inteiros. Entre os autores que são muito referenciados, de forma direta e indireta, esta H.P Lovecraft, o criador do horror cósmico com a construção dos Mitos de Chuthulu. O autor americano nasceu em 1890 e faleceu em 1937, deixando em suas obras um universo que continuou a ser criado por diversos outros autores. A influencia de Lovecraft pode ser vista nas mais diferentes mídias, entre elas revistas em quadrinhos, filmes, jogos digitais e físicos.  

O universo criado pelo autor é bastante perturbador, pois suas criaturas tem origens cósmicas e multidimensionais que se manifestam de diferentes formas nas pessoas. Entre elas está a loucura que altera a percepção e leva a atos que seriam descabidos, como mostrado no conto “A Cor que caiu do Céu”. Sobre o autor, é sabido que sua vida foi marcada por controversas para nosso tempo (xenofobia e racismo), assim, é importante fazer a separação de autor e obra em seu legado. Porém, para quem quiser se aprofundar nas obras e vida do autor é bom estar ciente deste fato.

Então que tal conversar sobre algumas obras do autor e as suas caraterísticas? Porém, trago neste texto algumas das histórias que me marcaram bastante pela sua construção e fogem das mais comentadas “O Chamado de Chuthulu” e “Nas montanhas da Loucura”. Logicamente, será comentado um breve resumo da história para que fique o convite à leitura.

A música de Erich Zann (1921)

A história se passa em Paris, em que um jovem estudante se muda para uma pensão em uma rua pouco movimentada. No último andar da casa mora um músico alemão já idoso e mudo, chamado Erich Zann, que toca músicas com uma sonoridade estranha e hipnotizante. Pode-se dizer que um dos pontos cruciais da história é quando o jovem pede para ver Zann tocando suas estranhas partituras em seu violino.

Apesar de curto, o conto é instigante e traz a musica como um dos elementos principais. Essa característica é importante pois a sonoridade é explorada  de forma recorrente em sua escrita e normalmente utilizada para evocar agonia e medo. 

Sussurros na escuridão (1922)

A história é protagonizada por Albert N. Wilmarth, professor de Literatura na Universidade de Miskatonic (fictícia)  na cidade de Arkhan. Ele é caracterizado como um cético e faz parte de um grupo de pesquisadores que estão discutindo estranhos acontecimentos ao sul de Vermont. Em um dado momento, cartas com um conteúdo curioso chegam a suas mãos vindas de Henry W. Akeley, morador da região dos estranhos acontecimentos. Devido a proximidade, Wilmarth decide ir visitar Akeley e então as coisas realmente ficam estranhas.

O conto Sussurros na escuridão é uma boa porta de entrada para os novos leitores do autor. Nele, o terror cósmico é explorado juntamente com ficção científica e é impressionantemente agitado, mesmo que boa parte dele seja a troca de cartas entre os interlocutores. A troca de cartas prepara e cria tensão no leitor, passando um sentimento de impotência frente ao que Akeley alega estar passando. O momento da visita é igualmente, ou até mais, chocante do que era esperado. De forma geral, o conto é um ótima introdução a estrutura do universo criado pleo autor e suas criaturas.     

A cor que caiu do céu (1931)

Se passando na mesma região do conto anterior, Arkhan, temos o conto A cor que caiu do céu. Na localidade está para ser construído um reservatório de água que vai alagar parte da região rural e dos vales, o fato traz assombrosas histórias que já aconteceram ali. O protagonista, um jovem engenheiro que vai pesquisar a região para a construção, e encontra Ammi Pierce que o conta de um terrível acontecimento. Pierce narra o que se passou quando um estranho meteorito caiu próximo ao poço da propriedade de Nahum Gardner e o que aconteceu com a região e todo sua família após a queda da rocha.

O conto é agoniante, justamente por se passar no presente e praticamente toda narrativa tensa se passar no passado. As transformações no ambiente e nas pessoas são descritas pouco a pouco e novamente é trazido o sentimento de incapacidade frente ao que está ocorrendo. Assim, mostrando os efeitos da rocha frente a Nahum e sua família, fica claro o quão o ser humano é pequeno frente ao que habita as profundezas cósmicas.

Fiou curioso quanto as obras do autor? Seguem abaixo algumas sugestões: