The Witcher: A Origem | Crítica – Passando-se 1200 antes da história do bruxo Geralt e sua família, The Witcher: A Origem propõe-se a contar a história da Conjunção das Esferas – o evento cataclísmico que trouxe monstros e humanos ao Continente – e a criação do primeiro protótipo de bruxo. Nesta aventura, seguimos sete heróis, tendo como protagonistas Éile (Sophia Brown),  Fjall (Laurence O’Fuarain) e Scian (Michelle Yeoh).

Ao se aprofundar na história do Continente, roteiristas possuíam liberdade para se aventurar em águas não exploradas e renovar o espírito da saga, mas fracassaram nessa missão. A minissérie limitada falha na tentativa de expandir o universo de The Witcher, entregando uma trama de fantasia genérica sem grandes destaques.

Uma corrida lenta

The Witcher: A Origem sofre para regular o ritmo da trama carregada de exposição sobre novos lugares, grupos políticos, personagens e mensagens.

Seu roteiro (que originalmente tinha seis episódios, reduzidos para quatro em seu lançamento) parece estar em uma corrida para passar a maior quantidade possível de informação para a audiência no menor tempo possível, dando a impressão de uma história convoluta. Uma sensação bem peculiar de que o tempo não está passando, mas que a trama está acelerada e, às vezes, desconexa.

É certo que os cortes e refilmagens fizeram um grande efeito na narrativa, impactando principalmente o desenvolvimento dos personagens. Apesar de interessantes, não passamos tempo o suficiente com os personagens para que haja um florescer satisfatória de suas tramas.

O Bom, O Mau e O Feio

Apesar do roteiro quebrado, The Witcher: A Origem possui algumas qualidades redentoras. A principal delas é a belíssima trilha sonora de Bear McCreary, embalada pelos vocais de Sophia Brown, Declan de Barra e Joey Batey.

Os figurinos também são dignos de nota, principalmente os dados à Merwyn (Mirren Mack), além da bela fotografia que utiliza muito bem os cenários naturais onde a série foi gravada.

Mirren Mack como Merwyn em The Witcher: A Origem
Mirren Mack como Merwyn em The Witcher: A Origem

Outro ponto alto são as lutas, aproveitando bem jogos de câmera ininterruptos e coreografias variadas de tirar o fôlego. Cada personagem usa uma arma distinta, e os coreógrafos aproveitaram essa diversidade para explorar movimentos diferenciados que deixam a maioria das lutas com um sopro de ar fresco.

Entretanto, não há apenas elogios a serem lançados. Os efeitos especiais da série deixam muito a desejar, sendo inferiores até mesmo aos da série base The Witcher, que já eram alvos de críticas.

A direção e a atuação também pecam. Apesar da boa escolha dos atores em geral, a maioria das cenas se desenrola de forma dura e pouco natural, perdendo os poucos momentos de impacto que o roteiro proporciona. 

E The Witcher: A Origem é… The Witcher?

Quando falamos apenas de conceitos técnicos, pode-se dizer que The Witcher: A Origem é uma série com defeitos pontuais que podem ser atribuídos a falta de orçamento ou até mesmo planejamento, mas no geral é uma série de fantasia que entrega entretenimento básico aos fãs do gênero. Porém, falta muito para se encaixar no universo de The Witcher.

Apesar das inúmeras referências – sejam em citações ou em personagens canônicos aparecendo em tela – fãs de longa data da obra de Sapkowski podem ter dificuldade em  associar os eventos de A Origem ao Continente anteriormente conhecido.

Com a saída de Henry Cavill da série principal e rumores calorosos entre os fãs nas redes sociais, The Witcher: A Origem precisava ser mais que “razoável” para redimir a obra aos olhos dos fãs. Para espectadores casuais, pode ser uma boa tarde de entretenimento, mas nada mais memorável que isso.

*Conferido em screener antecipado, cortesia da Netflix*

Confira também:

REVER GERAL
Roteiro
Direção
Trilha Sonora
Figurino
Fotografia
Elenco
Julia Barcelos
Professora de inglês, bacharel de engenharia e stan da Yennefer em tempo integral.
the-witcher-a-origem-criticaThe Witcher: A Origem falha ao expandir o universo de Geralt, entregando uma trama de fantasia genérica com poucas qualidades redentoras.