O filme Resgate é o mais novo lançamento da Netflix e é apontado pela gigante do streaming como um dos maiores lançamentos de filmes da plataforma. Sua estreia foi em 24 de abril e hoje (3/5) ainda permanece no Top 10 de filmes mais assistidos no Brasil no streaming. Todo essa audiência levou a Netflix e Chris Hemsworth (que interpreta o protagonista) a agradecer os telespectadores nas redes sociais.

Mas vamos entender um pouco da história e o porquê de toda a audiência.

Para começar o longa é baseado na HQ Ciudad, lançada em 2014, de autoria de Ande Parks, Anthony Russo, Joe Russo e Fernando León González. Chegou ao audiovisual com algumas mudanças significativas na trama, adaptação de roteiro por Joe Russo, dirigido por Sam Hargrave e estrelado por Chris Hemsworth; todos trabalharam juntos no MCU. Joe Russo como diretor de Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato, Hargrave antes dublê do Chris Evans, agora coordenador de dublês da Marvel e por último o poderoso Thor.

A Trama

Ovi Mahajan (Rudhraksh Jaiswal), filho do chefe do crime na Índia, é sequestrado pelo rival do seu pai, Amir Asif (Priyanshu Painyuli), que controla Bangladesh. Encarando o sequestro como um insulto e por falta de dinheiro Mahajan Senior se nega a pagar o resgate e ameaça seu braço direito Saju (Randeep Hooda), solicitando que encontre o seu filho em Dhaka. Saju então, chega a Nik Khan (Golshifteh Farahani ), encomendando o resgate, que entra em contato com o seu parceiro Tyler Rake (Hemsworth), mercenário e ex-SASR (Regime das Forças Especiais do Exército da Austrália), para ingressar nesse cenário de guerra. Em Dhaka, Rake chega até o garoto, mas é perseguido pela polícia da cidade, que é controlada por Amir. Sua equipe sofre um golpe de Saju, que não paga o resgate e vai até Dhaka por si só resgatar o garoto. Rake agora enfrenta a polícia e Saju, ficando preso em Dhaka apenas com uma criança, fugindo dos inimigos até o ponto de extração.

Frenesi amarelado e respiros líquidos

Rake e Ovi

O roteiro em si não traz novidade no gênero ação, com uma trama fácil, que desenrola a história dos personagens sem grandes surpresas e aprofundamento. As relações que são construídas, ou já existentes entre os personagens, são líquidas, isso é perceptível nas conversas rasas e raras entre o garoto e Rake, que tentam se apoiar no passado do mercenário, que esta mais para um suicida, com poucos diálogos, não conseguindo atingir a relação paternal ao estilo Logan e The Last Of Us.

A grande cereja do bolo está na direção, que marca uma nova fase dos filmes de ação, onde os dublês estão estrelando na direção dos longas, entregando cenas mais convincentes, bem filmadas, com cortes limpos e o aproveitamento de uma coreografia redonda, para um plano sequência, e cenas de luta de mais de 10 minutos.

Frenético, o roteiro mesmo sem aprofundamento, consegue dar um respiro nas lutas e fugas que se interpõem no longa. A crueza nos ataques, deixam as cenas mais reais e até mesmo agoniantes. Aqui não vemos carros voando de um prédio ao outro, ao estilo Velozes e Furiosos, mas atingimos a nova era da direção dos dublês, com tiros, golpes secos e sangue. Fica clara a influência da experiência do diretor como dublê, e do novo estilo, que teve John Wick como percursor e Atômica como sucessor.

O incômodo proposital do sangue, não tem tanta importância comparado a pós-produção e finalização, que incluiu um tom amarelo na fotografia, constante em filmes hollywoodianos para indicar mudança de cenário, principalmente quando isso é o Sul, países tropicais e considerados de terceiro mundo, como Brasil, e no caso de Resgate, a Índia. Recurso já saturado e usado nesse longa em excesso.

David Harbour e Chris Hemsworth, no set com Hargrave

Chris Hemsworth dá um show nas lutas. Mesmo com poucas falas e aprofundamento, dá um toque a mais no filme, se desenvolvendo muito bem nos embates corpo a corpo. Além disso, temos uma pequena e opaca participação de David Harbour, que interpreta um amigo de Rake e traz frias esperanças para ele e a criança, mas transformadora a chegada do último ato.

A cena inicial do longa não acrescenta à trama. Algo muito utilizado em filmes de ação, é só mais um repeteco do desfecho, mas sem entregar muitas emoções ao final. Falando em final, ele é inconclusivo, de uma maneira positiva, para o protagonista, mas ao mesmo tempo, traz a velha receita dos filmes de ação.

O filme cumpre o que se propõe: ação crua, roteiro que permite um respiro, mas sem grandes ambições. Interessante para quem gosta do gênero e da nova onda de filmes de ação dirigidos por dublês à la John Wick, uma ótima estreia para o diretor Hargrave. Então se você curte o gênero, não vai se arrepender.

Nota: 2,5/5