No dia 20 de novembro de 1984 o maior trunfo da Weekly Shounen Jump aconteceu, um dos maiores mangás de todos os tempos e um dos maiores símbolos da cultura pop nascia: Dragon Ball.

Dragon Ball marcou eternamente muitas gerações, principalmente com a popularidade da segunda fase de seu anime, o aclamado Dragon Ball Z.

Entre muitos títulos, uma série que muito pouco se fala atualmente é Dragon Ball clássico, que é a origem de todo esse sucesso.

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Reprodução/Toei Animation

A história

A trama de Dragon Ball já é conhecida por todo mundo, Goku um garoto que chega na terra ainda bebê, é criado pelo seu avô que ensina todos os princípios de artes marciais para ele. Ao longo da história, Goku acaba sempre se sobressaindo sobre o restante dos personagens no quesito combate, mas os motivos para isso são explicados apenas no início da segunda fase do anime, o Dragon Ball Z.

Nesta segunda fase do anime conhecemos a história por trás da força de Goku, que é revelada pelo seu irmão mais velho Raditz, que explica que Goku faz parte de uma raça de guerreiros chamados Saiyajins.

Em Dragon Ball clássico essa raça nunca é citada, muito menos existe algum tipo de referência. Nesse início de jornada a história de Goku é muito baseada no conto de Son Goku, um macaco com o mesmo nome do nosso protagonista que possuía poderes mágicos e flutuava em cima de uma nuvem chamada Kintoun.

Reprodução/Shueisha

Podemos dizer que o autor Akira Toriyama só começou a dar a sua identidade própria para Dragon Ball na sua segunda fase, entretanto, a primeira fase da obra ainda possui um charme que só quem assistiu ou leu, conhece.

Aventura e simplicidade

Por mais que sim, o foco da obra ainda eram lutas e principalmente torneios, um talento que ninguém pode dizer que Akira Toriyama não tem, é o de contar grandes histórias, em grandes lugares, com incríveis personagens.

A força de Dragon Ball logo no início é contar pequenas histórias, de forma simples, para desenvolver personagens que ao longo dos anos acabam se tornando cada vez maiores. O carisma sempre se mantem muito presente em cada história, fazendo até mesmo a gente se apegar em personagens já esquecidos pelo autor, como a gangue Pilaf.

Curiosidade: Em uma entrevista, Akira Toriyama confirmou que se esqueceu completamente do grupo, por isso eles não aparecem em Dragon Ball Z – Reprodução/Toei Animation

A interação entre cada um dos personagens também é intrigante, e ao longo da obra podemos ver como a personalidade de um preenche a de outro, como por exemplo interações entre Lunch e Mestre Kame, ou até mesmo Lunch e Tenshinhan.

Lunch com a sua dupla personalidade, sendo uma delas completamente surtada, acaba criando uma polarização agradável com a personalidade mais tímida de Tenshinhan por exemplo.

Tenshinhan & Lunch – Reprodução/Toei Animation

Entre uma aventura e outra, Goku acaba conhecendo uma gama de personagens que vão se tornando cada vez mais importantes em seu círculo social, incluindo personagens que pelo ponto de vista do espectador eram vilões, como Tenshinhan e Chaos. Essas interações mescladas com seus personagens excêntricos acabam deixando o universo de Dragon Ball cada vez mais rico, conforme as aventuras vão se passando.

O mundo é extremamente vivo, mostrando sempre a relação e convivência de humanos com outras raças, e esse é com toda certeza, um dos maiores charmes da obra inteira, incluindo as fases seguintes da obra.

Combates

Em sua grande parte, os combates de Dragon Ball clássico acabam sendo mais simples do que os combates universais de Dragon Ball Z, entretanto, é na simplicidade que mora o sucesso. Assim como em Naruto na sua primeira fase, as lutas de Dragon Ball sempre acabam de alguma maneira inteligente e divertida, fato esse que revela bastante a engenhosidade do autor.

Por mais que a gente saiba que algum personagem está vivo no futuro, sempre chega aquele momento onde você se pega indagando – ”como essa luta vai acabar” ou ”como algum personagem vai sair de determinada situação”, e sim, sempre é de maneira criativa e satisfatória.

Conforme a história vai chegando em seu clímax os combates vão escalonando o nível de força, mas o Akira nunca deixa a obra perder a sua essência em criatividade, algo que no meu ver se perdeu completamente na fase Z.

Reprodução/Toei Animation

Problemas da época

Quando o assunto ”remake de Dragon Ball” entra em pauta, é sempre bom lembrarmos de algumas características que estavam presentes no anime antigo, e que talvez, não dariam muito certo nos dias de hoje.

Existem algumas piadas um pouco mais leves, como por exemplo alguns personagens brincarem com a sexualidade do General Blue lá no arco da Red Ribbon. Entretanto, piadas mais pesadas como a sempre presente tentativa de assédio do Mestre Kame com a Bulma, que no ponto da história é menor de idade, acabam não sendo muito bem vistas nos dias de hoje e são piadas que claramente não envelheceram bem ou que até mesmo, nem deveriam existir.

Esse tipo de piada com conotação sexual muito provavelmente não seria adaptada em um remake do anime, contudo, isso certamente seria um problema e iria descaracterizar o personagem do Mestre kame, então qual seria a solução para um remake?

Reprodução/Toei Animation

Em busca de uma solução para ter a obra bem adaptada para os dias de hoje, censura seria o caminho mais fácil. Contudo, isso dependeria de quanto do material original iria se perder. Nesse caso, se preocupando até mesmo com algumas cenas e seus devidos contextos.

Infelizmente nos anos 80 era super comum acontecer algumas piadas bem pesadas em uma revista que sempre foi para o público mais jovem. Um exemplo muito claro é o mangá de City Hunter, onde as piadas de conotação sexual estão presentes em todos os capítulos da obra.

Porém, em City Hunter as piadas eram tão pesadas que nem mesmo a adaptação do mangá, lançada em 1987, passou pano. Então toda brincadeira do autor acabou sofrendo uma justa censura na época.

Reprodução/Sunrise

Produção

Dragon Ball clássico não tem lá uma das melhores produções se olhar nos dias de hoje, principalmente se a gente comparar com Dragon Ball Z. Por ser a famosa longa produção, a equipe da Toei Animation acabava economizando em certos episódios, mostrando até mesmo alguns com cenas bem estáticas.

Certos erros de cores também são bem presentes, então olhando com os olhos de hoje em dia, é uma produção com alguns problemas, mas que acaba entregando o essencial e o mesmo não atrapalha na experiência final do espectador.

Vale a pena nos dias de hoje?

Estamos chegando em uma época onde até mesmo existem pessoas que nunca assistiram ou conheceram Dragon Ball Z, então imagina a fase clássica do anime que já não foi assistida por todos. É claro que pode existir aversão ao conteúdo por se tratar de uma animação mais antiga, porém você facilmente se acostuma e vai acabar caindo de cabeça nesse belo universo.

Dragon Ball é uma obra que possui carisma como poucas, então com toda certeza, vale a pena dar uma conferida nesse clássico.

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Reprodução/Toei Animation

Caso você queira ter uma experiência mais clean com a obra para não precisar assistir literalmente todos os episódios da série, vamos listar abaixo os episódios fillers e semi-fillers, que são aqueles que possuem um conteúdo original que não está no mangá.

Saga Imperador Pilaf

  • Arco Imperador Pilaf: episódios 1 ao 13
  • Arco do Torneio: episódios 14 ao 28

Saga Força Red Ribbon

  • Arco Força Red Ribbon: episódios 29 ao 45 (29, 42, 44 semi; 30 ao 33, 45 filler)
  • Arco General Blue: episódios 46 ao 57
  • Arco Comandante Red: episódios 58 ao 67
  • Arco Vovó Uranai: episódios 68 ao 83 (79 ao 83 filler)

Saga Piccolo

  • Arco Tenshinhan: episódios 84 ao 101
  • Arco Piccolo Daimaoh: episódios 102 ao 122
  • Arco Piccolo Jr.: episódios 123 ao 153 (127 ao 132; 149 ao 153 filler)

Lembrando que se você quiser assistir Dragon Ball clássico, seja com o áudio original ou com a dublagem brasileira, todos os episódios do anime estão disponíveis no catálogo da Crunchyroll.