Desenvolvido pela Crystal Dinamics em parceria com a Eidos-Montreal com publicação feita pela Square Enix, Tomb Raider é um jogo de ação-aventura lançado em 2013 para PC, Playstation 3 e Xbox 360. O título funciona como um reboot para a história da Lara Croft, totalmente sem conexão com os jogos anteriores da exploradora.

A produção do jogo começou logo após o lançamento de Tomb Raider: Underworld, de 2008. Depois da compra da Eidos Interactive por parte da Square Enix em 2009, os rumos do título mudaram bastante e ele deixou de ser uma sequência para o game de 2008 e se transformou em um reboot para contar uma nova história de origem de Lara. Além de ter sido o primeiro da série a ter sido publicado pela Square, o game também foi o primeiro a ter multiplayer – ironicamente a característica mais criticada do jogo.

Para viver Lara foi escalada a atriz Camilla Luddington, que além de dublar, também fez a captura de movimentos para a personagem. Luddington também é conhecida por interpretar Kate Middleton, a Duquesa de Cambridge, em William & Kate e Jo Wilson em Grey’s Anatomy. A atriz foi amplamente elogiada pela crítica na época por sua ótima atuação.

Outros pontos que transformaram o game em um sucesso na época de seu lançamento foram a jogabilidade altamente responsiva e os belos gráficos, chegando a ser eleito Melhor Jogo de Ação-Aventura para Xbox 360 e PC pela IGN. A nota do jogo no Metacritic é 87 e teve mais de 8,5 milhões de cópias vendidas.

Com todos esses números em perspectiva, será que o primeiro título do reboot de Tomb Raider envelheceu bem? Vamos conferir.

Gráficos e Jogabilidade

Considerando o fato do jogo ter sido lançado há mais de 8 anos, seus gráficos ainda se mantém belos, com bastante detalhes nos cenários, principalmente nas construções antigas da ilha de Yamatai. Por outro lado, os design dos personagens não envelheceram tão bem e muitas vezes lhe faltam expressões faciais mais condizentes com o momento ou movimentação menos robótica.

Apesar disso, o trabalho feito em Lara foi excelente e ela é a personagem mais viva do jogo (o que não é muito difícil quando o resto do elenco são personagens superficiais) onde, mesmo que o título deixe claro que se trata de um jogo de 8 anos atrás nesse aspecto, ainda assim podemos ver mais humanidade nas feições da protagonista.

Em relação a jogabilidade, no geral os controles envelheceram bem, e movimentar Lara pelos relevos de Yamatai é praticamente natural. O combate flui de forma excelente, e particularmente a troca de armas no meio do fogo cruzado é bastante satisfatória. Ainda sobre as armas, é interessante destacar que, apesar do número relativamente baixo de opções (apenas 4 armas), cada uma delas possui diversos upgrades que muitas vezes oferecem novas possibilidades de abordagem de inimigos.

Os controles bem trabalhados também passam uma boa sensação de dificuldade durante escaladas ou seções aquáticas, deixando claro que Lara não é uma super humana. Os inimigos também funcionam nessa mesma lógica, e nenhum deles é extremamente mais difícil do que deveria ser – mesmo que muitos deles sejam samurais zumbis anciões, virtualmente imortais.

Um ponto que pode ser ruim é a câmera: algumas vezes, durante uma cena com muita ventania ou passando por ondas fortes, a câmera treme muito (simulando muito bem de fato como seriam essas experiências na vida real), o que pode ser um problema para jogadores que ficam enjoados facilmente. Importante ressaltar também que, apesar do jogo passar a sensação de ser um tipo de mini mundo aberto, todos os cenários possuem limites geográficos, o que as vezes pode atrapalhar a exploração.

A vila próxima do litoral é um dos primeiros cenários que exploramos como Lara na ilha de Yamatai.

Enredo e elenco

spoilers do enredo de Tomb Raider a seguir

Por ser um jogo com o intuito de ser um reboot para a extensa franquia de Tomb Raider, é de se esperar que o foco seja totalmente em Lara. Apesar disso, o fato de que nenhum dos outros personagens sequer tem algum tipo de desenvolvimento talvez seja o pior traço desse jogo. Por exemplo: Himiko, uma rainha ancestral com poderes sobrenaturais além da compreensão escolheu Sam, amiga de Lara, para ser seu próximo corpo, e mesmo assim nós não sabemos nada sobre Sam.

Mesmo que existam as comics dessa nova lore de Tomb Raider que expandam um pouco mais a relação entre as amigas (publicadas pela Dark Horse Comics e, infelizmente, indisponíveis no Brasil), não é o bastante e demonstra um claro problema de enredo. Os outros personagens secundários seguem a mesma ideia, todos funcionando como placas 2D que apoiam o desenvolvimento de Lara – que, aliás, é muito bem feito.

A diferença entre a Lara inocente que naufragou na Ilha de Yamatai e da Lara assassina fria e calculista que resolve os mistérios de Himiko e consegue tirar seus amigos da ilha é gritante e construída de forma excelente. Alguns pontos chaves se destacam, como a primeira vez que Lara é forçada a matar alguém para sobreviver, ou quando ela assiste seu mentor e figura paterna, Roth, morrer para salvar sua vida. Apesar disso, pouco entendemos sobre o passado de Lara e quem ela era antes de chegar a ilha, o que definitivamente pode levar a alguns problemas para entender, por exemplo, o que Roth significa para ela ou porque ela está naquela ilha.

Fora a questão do desenvolvimento de Lara, o enredo se desenrola sem muitas surpresas e é bem amarrado, apesar de não muito interessante. No fim, o objetivo do jogo foi alcançado: introduzir uma nova Lara Croft para o mundo.

A brutalidade que Lara demonstra ao longo do jogo é um dos pontos que mostram seu desenvolvimento de náufraga para sobrevivente.

Veredito

Podemos concluir então que, apesar de ter seu desenvolvimento iniciado em 2008 e ter sido lançado em 2013, mais de 8 anos atrás, Tomb Raider ainda é um excelente jogo que cumpre bem seu papel de criar uma nova Lara Croft – uma tarefa difícil por se tratar de uma personagem tão enraizada no mundo da cultura pop.

O jogo possui mecânicas bem estabelecidas, combate responsivo e bons gráficos, mesmo para os padrões atuais, além de um enredo bem fechado em si mesmo. Apesar de seus problemas de, principalmente, falta de profundidade nos personagens que compõem o elenco, essa nova Lara é uma personagem sólida e com muito a oferecer, sendo prova do excelente trabalho que a Crystal Dinamics, Eidos-Montreal e Square Enix produziram.

Atualmente Tomb Raider está disponível para Playstation 4, Xbox One, Google Stadia e PC via Steam.

Veja também:

REVER GERAL
Gráficos
Elenco
Enredo
Jogabilidade
Ambientação
Matheus
Fã de Yu-Gi-Oh!, Drakengard/NieR e Tomb Raider. Nas horas vagas, analista de Relações Internacionais e professor de inglês.
tomb-raider-2013-criticaTomb Raider é o primeiro título do reboot da franquia de Lara Croft e consegue fazer um excelente trabalho em reintroduzir uma personagem tão conhecida da cultura pop. O jogo tem belos gráficos, excelente jogabilidade, cenários bem construídos e um bom enredo.