Exibido originalmente entre julho e dezembro de 2012 no Japão, Sword Art Online é uma adaptação de uma light novel de mesmo nome escrita por Reki Kawahara.

As light novels são publicadas pela editora ASCII Media Works desde abril de 2009, contando atualmente com 26 volumes impressos sob o selo Dengeki Bunko da editora. A história também chegou a ser adaptada para séries de mangá, com publicações feitas pela ASCII e pela editora Kadokawa – no Brasil, os volumes são publicados pela Panini Comics.

Em 2012, devido ao sucesso das light novel (que hoje já totalizam mais de 19 milhões de cópias vendidas no Japão), a história foi adaptada para uma série de anime produzida pelo estúdio A-1 Pictures.

A primeira temporada do anime adapta os arcos Aincraid e Fairy Dance das publicações originais, e, hoje em dia, é conhecida por dividir as opiniões dos espectadores – por isso, resolvemos revisitar essa história para entendê-la um pouco melhor.

Aincraid: um começo promissor

O ano é 2022 e a realidade virtual já é algo com presença garantida na vida das pessoas. O dispositivo Nerve Gear, desenvolvido por Kayaba Akihiko, é um capacete capaz de transportar a mente de seus usuários para dentro de jogos online. A empresa criada por Kayaba, a Argus, lança o VRMMORPG Sword Art Online e o personagem principal da obra, Kazuto Kirigaya, foi um dos jogadores que puderam participar do beta fechado do game. Usando o nome Kirito, ele faz o login no jogo assim que o título é lançado oficialmente.

Após um tempo, Kirito e todos os outros 10 mil jogadores descobrem que não são capazes de sair do jogo quando quiserem e que, caso morram lá dentro, morrerão na vida real também. Como esperado, os jogadores entram em desespero: muitos não acreditam e destroem seus avatares, e outros ficam apenas paralizados de medo.

Esse aspecto da narrativa de Sword Art Online é sua melhor característica: o aspecto psicológico é muito explorado pelo autor (talvez não intencionalmente) nessa primeira parte do anime, sendo algo sempre muito presente no protagonista Kirito, mas, principalmente, nos personagens ao seu redor.

Alguns, como o próprio Kirito, não são capazes de formar laços facilmente e acabam agindo sozinhos o jogo todo. Outros, como a personagem Sachi, sentem tanto medo de morrer que acabam não conseguindo sair do lugar sozinhos. Outros ainda, como a personagem Asuna, ficam tão focados em terminar o jogo que não notam que estão vivos, mesmo que presos dentro daquele lugar.

Apesar de não tão profundas, as abordagens desses aspectos humanos são o que tornam o arco de Aincraid tão interessante. Os personagens não se tornam heróis que não sentem medo de nada de uma hora pra outra, mas sim lidam com a situação às suas próprias maneiras, trazendo a tona características que os tornam muito mais identificáveis para o público – o que, definitivamente, não é o caso da segunda parte da temporada.

Sword Art Online
Da esquerda para a direita: Silica, Kirito, Asuna e Lisbeth, personagens do primeiro arco de Sword Art Online.

Alfheim Online: onde tudo vai por água abaixo

Após conseguir zerar o jogo e libertar todos os jogadores de Sword Art Online, Kirito está de volta ao mundo real. Porém, algumas pessoas ainda não acordaram da experiência, incluindo a própria Asuna. Quando um de seus amigos, Egil, o conta sobre um rumor de alguém parecida com a garota estar em um novo VRMMORPG, Kirito decide voltar para a realidade virtual para investigar: aqui entramos em Alfheim Online.

Aqui, os pontos negativos que já existiam em Sword Art Online são exacerbados, a começar pela necessidade do enredo colocar um interesse amoroso para Kirito a cada esquina – inclusive sua própria irmã (que na realidade é sua prima mas ainda assim não deixa de ser extremamente incômodo).

Mas indo além da construção de um harém e das muitas cenas ecchi, o arco de Alfheim Online perde muito da característica psicológica que Aincraid apresentou: uma vez que os personagens não correm mais risco de vida, ele se tornam jogadores normais como eu ou você, sem nada que torne a narrativa interessante.

Até mesmo o vilão do arco, Sugou Nobuyuki, é nada mais que uma pedra no caminho do relacionamento de Kirito e Asuna. Nem mesmo seus experimentos antiéticos com os 300 jogadores que ainda não acordaram no mundo real tem tanta relevância assim, sendo varridos para debaixo do tapete no final da temporada. A título de comparação, o jogo que Kayaba Akihiko produziu continuará a ser assunto nas próximas temporadas do anime, sempre trazendo algum tipo de relevância para o enredo.

No fim, Alfheim Online funciona como uma espécie de antítese à Aincraid: nada feito dentro do jogo é importante para os personagens e nem faz com que eles cresçam como pessoas. Em suma, todo esse arco é apenas um jogo facilmente esquecível, como a própria franquia provará mais adiante.

Sword Art Online
Núcleo do arco Fairy Dance da primeira temporada de Sword Art Online.

Extra Edition e o gancho para a próxima temporada

Em dezembro de 2013, foi lançado um OVA de 1 hora e 40 minutos de duração intitulado Sword Art Online Extra Edition, que funciona como uma recapitulação dos acontecimentos principais da primeira temporada do anime ao mesmo tempo que traz uma aventura nova de Kirito e seus companheiros em Alfheim Online.

Em conversa com Kikuoka Seijirou, funcionário do escritório de telecomunicações do Ministério de Assuntos Internos, Kirito conta detalhes de suas experiências. Interessante ressaltar que seu tempo em Alfheim Online é pouco citado, com Aincraid tendo mais ênfase nos flashbacks. Ao final do episódio, uma missão inédita é mostrada envolvendo Yui e uma baleia.

Por ser um especial de final de ano, Extra Edition também é totalmente dispensável para quem já assistiu a primeira temporada. A única informação relevante do OVA é a presença de Kikuoka, indicando que o governo japonês também está envolvido nas investigações pós-Aincraid. O personagem também será o ponto de partida para a segunda temporada do anime e também estará envolvido em outros enredos futuros.

Sword Art Online
Cena de Sword Art Online Extra Edition.

Veredito

Indo além de questões de roteiro, os aspectos técnicos de Sword Art Online são de excelente qualidade, especialmente a trilha sonora: por se tratar de uma história em um RPG, todos os temas tem a familiaridade do gênero para quem já conhece jogos no mesmo estilo. Os designs dos personagens expressam muito de suas personalidades, mas o que se destaca mesmo são os cenários, que conseguem transmitir a ideia de se tratar de um jogo de forma magistral.

Com tudo isso dito, a recomendação que fica é: dê uma chance para a história. Mesmo não sendo um dos melhores enredos do mundo dos animes nem possuindo os melhores aspectos técnicos, Sword Art Online possui um certo carisma em seus personagens, que conseguem ser interessantes o bastante para manter a história andando.

Tal qual os animes clássicos, que são reverenciados devido suas influências em obras futuras, Sword Art Online tem sua cota de responsabilidade pela popularização de animes do gênero Isekai nos anos 2010. O fato de ser uma obra tão popular, mesmo depois de 10 anos de sua estreia, mostra que o anime entrega algo de importante para quem assiste, e talvez possa entregar para você também.

Sword Art Online
Personagens principais dos dois arcos da primeira temporada de Sword Art Online.

A primeira temporada de Sword Art Online está disponível nos catálogos da Crunchyroll e da Funimation, com legendas e dublagem em português. O especial Extra Edition está disponível apenas na Crunchyroll.

Veja também:

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Animação
Design
Matheus
Fã de Yu-Gi-Oh!, Drakengard/NieR e Tomb Raider. Nas horas vagas, analista de Relações Internacionais e professor de inglês.
sword-art-online-criticaMesmo após dez anos de seu lançamento, o enredo da primeira temporada de Sword Art Online consegue entregar histórias interessantes para o público. Porém, o que destaca a produção são seus personagens e como eles se comportam nos variados cenários que a temporada os coloca.