Disponibilizado para PC e Playstation no último dia 27 de abril, o remake de Live A Live traz a revitalização deste clássico RPG de turnos do Super Famicom para novas plataformas quase um ano após seu lançamento oficial para Nintendo Switch.

Conhecido pela história de alta qualidade em sua versão original, o remake de Live A Live entrou para a seleção de RPGs recentes que seguem os moldes HD-2D popularizado por Octopath Traveler: além das melhorias gráficas, o remake também conta com trilha sonora remasterizada e melhoria na qualidade de vida de seu combate.

Nós d’O Mega pudemos, à convite da Square Enix, conferir todas essas melhorias na versão do game para PC – vem conhecer mais detalhes sobre o jogo e saber o que achamos.

Sete jogos em um

O conceito original de Live A Live foi criado com a franquia Final Fantasy em mente, e vai de encontro ao estilo de história proposta pela famosa série da Square: a ideia era trabalhar diversas experiências que funcionam por si mesmas de uma vez só, ao invés de contar histórias menores que se encaixam em uma narrativa maior.

A partir desta ideia, a história do jogo acompanha sete personagens principais, cada um com suas vidas e narrativas próprias, que se passam em diferentes períodos históricos, sendo eles a Pré-história, o Velho Oeste, a China Imperial, Japão Feudal, os Dias Atuais, o Futuro Próximo e o Futuro Distante. É importante ressaltar que, ao iniciar o game, o jogador pode escolher entre qualquer um desses sete heróis para começar sua jornada: a ordem de gameplay não interfere em nada na narrativa.

O interessante desta escolha de conceito de jogo está no sentimento que ela provoca, como se Live A Live fosse, na realidade, sete jogos em um só, o que só torna o título mais digno de sua fama – fama, esta, que se deve muito ao envolvimento de grandes nomes da indústria de entretenimento japonesa, em mais um esforço da Square em montar grandes times para criar grandes projetos.

Live A Live
A seleção de capítulos de Live A Live. Reprodução: Square Enix

Um pouco de contexto

Lançado originalmente em setembro de 1994 pela então Square, o game foi exclusivo de Super Famicom, e não teve versões em nenhum lugar fora do Japão até seu remake em 2022.

O título foi desenvolvido pela famosa Development Division 5, time que é tido como o criador da franquia Final Fantasy. A direção do jogo ficou por conta de Takashi Tokita, que estreava como diretor após trabalhar como designer em Final Fantasy IV; já sua trilha sonora ficou a cargo de Yoko Shimomura, famosa por seu trabalho em Kingdom Hearts e conhecida hoje como “a mais famosa compositora de videogames do mundo.”

Outro destaque do jogo original é o time de ilustração de personagem, que contou com diferentes artistas de mangá renomados no Japão como Yoshihide Fujiwara (Kenji), Osamu Ishiwata (B.B.), Yumi Tamura (7 Seeds), Ryōji Minagawa (Spriggan), Gosho Aoyama (Detective Conan) e Kazuhiko Shimamoto (Skull).

Ao conhecer parte da equipe por trás do desenvolvimento do jogo, fica fácil entender o motivo de Live A Live ser tido como um clássico de Super Famicom. Porém, como toda nova versão de um jogo, fica uma pergunta: será que o remake foi capaz de exprimir toda a qualidade de sua versão original?

Live A Live
Takashi Tokita e Yoko Shimomura em transmissão especial de Live A Live. Reprodução: Square Enix

A parte técnica e as novidades

Para responder a pergunta anterior: sim, o remake de Live A Live consegue, com facilidade, trazer a tona toda qualidade do jogo original e ainda adiciona com suas melhorias gráficas e trilha sonora remasterizada.

Em termos de combate e gameplay, as mecânicas continuam essencialmente as mesmas do jogo original, o que definitivamente não é um ponto negativo. Cada personagem tem suas próprias peculiaridades adaptadas na jogabilidade: por exemplo, o ninja do período do Japão Feudal é capaz de se camuflar e evitar combate completamente; o personagem do Velho Oeste tem golpes baseados em longa distância, já que sua arma principal é uma pistola.

Uma novidade na parte de construção de mundo e de narrativa bem-vinda é a dublagem, disponível em inglês e japonês, que dá nova vida aos personagens e ajuda a construir bem cada um dos cenários disponíveis para o jogador.

No que diz respeito a gráficos, o visual HD-2D cai como uma luva no estilo de pixel art pensado na versão original, e consegue dar maior ênfase não só nos personagens e detalhes como expressões faciais e movimentação, mas também no próprio cenário, que passa a ter naturalidade e vivacidade maiores. É possível notar o quão bem integrado estão os cenários quando prestamos atenção em momentos passados no Japão Feudal, por exemplo, onde as construções não parecem somente fotos ao fundo, mas sim objetos verdadeiros com os quais o personagem principal pode interagir.

Porém, por mais que o visual seja ótimo, o maior destaque da parte técnica do jogo é, sem dúvidas, sua trilha sonora: se o trabalho de Yoko Shimomura já era excelente com as limitações do chip sonoro do Super Famicom, a versão remasterizada das músicas do jogo exprimem, de uma forma magistral, a qualidade que acompanha a fama de Shimomura.

Live A Live
Cenário do Japão Feudal de Live A Live. Reprodução: Square Enix

Veredito

Em uma era cheia de remasters e remakes, é sempre bom poder falar quando um destes projetos realmente funciona, e este é o caso do remake de Live A Live. A qualidade gráfica e sonora da nova versão do jogo são de níveis altíssimos, assim como sua parte de jogabilidade e narrativa, ficando a par com outros desta nova leva de jogos HD-2D como Triangle Strategy ou mesmo o próprio Octopath Traveler.

Live A Live é um RPG de turnos excelente para aqueles que já estão familiarizados com o gênero, oferecendo diferentes formas de lidar com o combate, e expressando as peculiaridades e personalidades de cada personagem em seus ataques e movimentações.

Algo que é importante mencionar como ponto negativo é a falta de elementos de acessibilidades relevantes, que, talvez pela simplicidade de controles característica de RPG de turnos, mais uma vez deixa a desejar em um jogo de uma empresa tão influente quanto a Square Enix.

Live A Live
Reprodução: Square Enix

Indo além de melhorias e afins, este título é representante de algo que deveria ser comum na indústria de jogos: tornar disponíveis títulos que ficaram presos em plataformas que não existem mais. A ideia de trazer de volta jogos que ficaram para trás na indústria através de remakes do estilo de Live A Live é, possivelmente, uma das melhores formas de tornar a preservação de jogos mais viável: esperamos que, com o sucesso de jogos neste estilo HD-2D, mais títulos voltem do esquecimento, permitindo que tanto jogadores antigos quanto novos, possam aproveitar outras pérolas que estão perdidas no tempo.

Live A Live está disponível para Playstation 4 e 5, Nintendo Switch e PC via Steam.

Chave para review cedida por: Square Enix

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Design
Matheus
Fã de Yu-Gi-Oh!, Drakengard/NieR e Tomb Raider. Nas horas vagas, analista de Relações Internacionais e professor de inglês.
live-a-live-criticaLive A Live é um RPG de turnos excelente para aqueles que já estão familiarizados com o gênero, oferecendo diferentes formas de lidar com o combate, e expressando as peculiaridades e personalidades de cada personagem em seus ataques e movimentações. A qualidade gráfica e sonora da nova versão do jogo são de níveis altíssimos, ficando a par com outros desta leva de jogos HD-2D como Triangle Strategy ou mesmo o próprio Octopath Traveler.