Lançado em 5 de fevereiro, Starlight Legacy é um JRPG 16-bits desenvolvido pela Decafesoft e publicado pela Eastasiasoft.

Disponível para PC, Playstation, Switch e Xbox, o game mistura o clássico combate de turnos com melhorias de qualidade de vida que se adequam aos dias de hoje. Tivemos a oportunidade de acompanhar a jornada para restaurar a Árvore da Eternidade a convite da Eastasiasoft – confira o que achamos do jogo.

Conceitos e história

Starlight Legacy se estabelece firmemente na tradição dos JRPGs 16-bit, oferecendo uma aventura nostálgica pelo reino de Evaria. Os jogadores acompanham três protagonistas — Ignus, uma guerreira desempregada; Teryl, seu leal amigo; e Frida, uma comerciante habilidosa em combate — que são incumbidos pelo Rei Lennox de recuperar quatro Relíquias Starlight após um ataque separatista enfraquecer a Árvore da Eternidade, que sustenta o reino.

A premissa do game utiliza tropos familiares: um herói relutante, conflitos políticos causados pela proibição do ensino de magia na Província do Céu e uma missão para restaurar o equilíbrio através de artefatos mágicos.

Porém a estrutura narrativa, que sugere temas interessantes como opressão e rebelião, não explora seu potencial plenamente. O desenvolvimento dos personagens é superficial, com histórias como a de Frida sendo mencionadas, mas nunca aprofundadas, e o conflito político se resolve de maneira simplista.

A história funciona como um veículo para a jogabilidade, mas falta profundidade ou impacto emocional, culminando em um gancho para uma sequência que parece mais um pensamento inacabado do que uma provocação intrigante.

Starlight Legacy
Reprodução: Decafesoft/Eastasiasoft

Mecânicas de jogabilidade e inovação

Onde Starlight Legacy se destaca é na sua estrutura não linear e nos sistemas modernizados de JRPG. As quatro províncias — Floresta, Montanha, Deserto e Céu — podem ser exploradas em qualquer ordem, com a dificuldade dos inimigos e chefes ajustando-se dinamicamente com base no número de relíquias adquiridas.

Esse sistema de dificuldade mundial resolve elegantemente problemas de ritmo comuns em RPGs de mundo aberto, garantindo desafios equilibrados enquanto permite liberdade ao jogador. A exploração é enriquecida por elementos inspirados em Pokémon: ferramentas como balsas e tapetes mágicos abrem atalhos e áreas secretas, incentivando backtracking com recompensas tangíveis, como baús que exigem um número específico de relíquias para serem abertos.

O combate segue um sistema de turnos tradicional, mas incorpora opções modernas, como encontros aleatórios desativáveis e multiplicadores de XP ajustáveis (até 2×) para reduzir a necessidade de grind. A profundidade estratégica surge das afinidades elementares — fogo derrota gelo, gelo derrota terra, terra derrota fogo — e efeitos de status impactantes, embora a personalização seja limitada por descrições pouco claras de habilidades.

Peculiaridades como empunhar dois escudos ou cajados adicionam charme, mas bugs — como falhas ao invocar magias ou descrições nebulosas de itens — ocasionalmente atrapalham a experiência.

Starlight Legacy
Reprodução: Decafesoft/Eastasiasoft

Apresentação e execução de design

Visualmente, Starlight Legacy oferece uma estética 16-bit competente, mas sem grande originalidade. Seus sprites e arte pixelada remetem a clássicos dos anos 90, como Final Fantasy e Pokémon, especialmente nos designs de mapa que incluem plataformas saltáveis e rotas interconectadas. No entanto, o jogo não consegue se destacar artisticamente; os cenários e personagens são genéricos, sem o estilo marcante de outros jogos retro modernos.

Por outro lado, o design de som é melhor, com uma trilha sonora que mistura gêneros de forma eficaz. As músicas de batalha e exploração apresentam melodias cativantes que complementam a experiência sem se tornarem repetitivas.

Tecnicamente, o jogo é polido, com transições suaves entre áreas que eliminam telas de carregamento. O mecanismo de voo no estilo Mode-7 permite navegar pelo mundo em 3D, mas parece mais uma novidade nostálgica do que uma funcionalidade transformadora. O ritmo é ágil, com a campanha principal durando cerca de 10 horas — um ponto positivo para quem busca uma experiência concisa, mas negativo para quem deseja um mergulho mais profundo.

Starlight Legacy
Reprodução: Decafesoft/Eastasiasoft

Veredito

Starlight Legacy funciona como uma homenagem acessível e bem-feita aos JRPGs 16-bits, mas não como uma revolução no gênero. Seus pontos fortes — exploração não linear, escalonamento inteligente de dificuldade e opções de qualidade de vida — fazem dele uma ótima escolha para jogadores com pouco tempo ou iniciantes no gênero. No entanto, suas fraquezas — personagens pouco desenvolvidos, combate repetitivo e uma narrativa que desperdiça seu potencial político — impedem que ele vá além de uma diversão agradável.

Apesar dos defeitos, o cuidado no design de mapas e no sistema de combate, que equilibra acessibilidade e tática, é evidente. Para quem está em dúvida, a demo gratuita na Steam oferece uma boa amostra. No fim, Starlight Legacy é um típico jogo 7/10 — uma jornada curta e adequada para fãs do gênero em busca de algo familiar ou para jogadores que estão começando a se aventurar em JRPGs.

Starlight Legacy
Reprodução: Decafesoft/Eastasiasoft

Starlight Legacy já está disponível para Playstation 4 e 5, Xbox Series X|S, Nintendo Switch, e PC via Steam e GOG.

*Chave de PC para produção da análise cedida por Eastasiasoft

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Design
Matheus
Fã de Yu-Gi-Oh!, Drakengard/NieR e Tomb Raider. Nas horas vagas, analista de Relações Internacionais e professor de inglês.
critica-starlight-legacy-e-uma-homenagem-competente-aos-jrpgs-16-bitsStarlight Legacy funciona como uma homenagem acessível e bem-feita aos JRPGs 16-bits, mas não como uma revolução no gênero. Seus pontos fortes — exploração não linear, escalonamento inteligente de dificuldade e opções de qualidade de vida — fazem dele uma ótima escolha para jogadores com pouco tempo ou iniciantes no gênero. No entanto, suas fraquezas — personagens pouco desenvolvidos, combate repetitivo e uma narrativa que desperdiça seu potencial político — impedem que ele vá além de uma diversão agradável.