Oito anos após o lançamento do último jogo na série, SaGa Emerald Beyond chega com a intenção de revitalizar o interesse a apresentar as suas características únicas.

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Nos últimos anos a Square Enix tem feito um esforço para tornar suas séries menores, mais amplamente disponíveis e SaGa é um exemplo disso. Nos últimos anos os jogos da série tem recebido remasters em alta definição e esse esforço culminou nessa nova entrada na forma de Emerald Beyond.

Multiverso de Pequenas Estórias

Como de costume na franquia, Emerald Beyond segue 5 protagonistas diferentes que estão à disposição do jogador desde o início, cada um com seus próprios objetivos e suas campanhas individuais são completamente desconectados entre eles.

O foco do jogo e da sua narrativa é justamente o elemento que dá título ao jogo. O Emerald Beyond é uma rede etérea que conecta vários mundos diferentes, com 17 mundos no total compondo a galeria de cenários do jogo.

SaGa Emerald Beyond
Emerald Beyond é o “caminho entre mundos” que conecta o destino dos personagens.

A narrativa de Emerald Beyond é apresentada essencialmente como uma Visual Novel, com cada evento de história sendo representado por retratos dos personagens e caixas de diálogo e as campanhas, mesmo que eventualmente ofereçam opções, possuem um fluxo de progressão muito linear. Com o jogador sendo guiado do ponto A ao B para que a história aconteça.

As capanhas lineares somadas com cada protagonista sendo apenas uma grande caricatura do seu próprio design e sem muito empenho em fazer o jogador se importar com eles, acaba desmotivando muito qualquer boa vontade inicial que possa haver com a estória que o jogo quer contar. 

Felizmente alguns mundos ainda oferecem uma dinâmica curiosa ou engraçada para o jogador.

Cada “mundo” de Emerald Beyond pode ser resumido em um único tema e nenhum deles chega a ser realmente complexo. O jogo geralmente apresenta uma situação neste mundo isolado e suas ações e escolhas podem ou não gerar resultados diferentes, mas há sempre a sensação de que qualquer alternativa daria no mesmo final na maior parte desses mundos.

E com 17 mundos diferentes, mesmo que todos eles sejam histórias curtas e diretas ao ponto, muitos mundos acabam sendo bem mais fracos que outros sem contar que não existe muita lógica por trás da escolha de temática de cada mundo. Em um mundo você pode escolher qual facção ganhará uma guerra pelo domínio do planeta enquanto em outro mundo você pode ser transportado para um organismo vivo e recebe uma aula de biologia sobre as dinâmicas que envolvem o câncer dentro desse sistema.

Não há muita liberdade no jogo, a única forma de progredir é seguir do ponto A ao B.

Há sim alguns mundos com propostas extremamente criativas como o mundo que te dá a escolha de quais NPCs “ativar” com recursos limitados e as consequências deles serem ativados, mas boas ideias assim não são o predominante entre os mundos de Emerald Beyond.

O Combate é a Grande Estrela do Show

O grande ponto de venda de SaGa Emerald Beyond é na verdade o seu sistema de combate único que brinca com o conceito de “linha do tempo”. Todas as ações, tanto dos seus personagens como dos inimigos, estabelecem uma “ordem” dentro dessa linha do tempo e só após o jogador selecionar todas as ações que podemos ver em tempo real as ações sendo realizadas.

O único recurso que o jogador precisa se preocupar são os pontos de ação que são representados por estrelas neste jogo. Cada ação custa uma quantidade específica de estrelas e esse é um recurso compartilhado entre todo o grupo.

A linha do tempo é a mecânica central de Emerald Beyond e o que dá a identidade desse jogo.

Já a principal forma de brincar com a linha do tempo é tentar organizar seus personagens próximos uns dos outros para organizar combos e à medida que mais ataques são adicionados a esse combo, existe uma chance de ter um “turno extra” onde os personagens agem novamente executando ataques por conta própria. 

De forma oposta a isso, nem sempre o jogador irá se deparar com uma situação onde a linha do tempo permite que grandes combos sejam formados, então o jogador pode optar por deixar apenas uma unidade isolada que fará vários ataques por conta própria.

Outra característica bem interessante desse jogo é a flexibilidade que os personagens tem na hora de se criar uma “build” já que cada tipo de arma diferente possuem suas próprias habilidades e através de um sistema de proficiência todos os personagens podem adquirir todas as habilidade, basta usar a arma desejada o suficiente.

Por exemplo, usar armas de fogo leve pode conceder a habilidade Covering Fire, que permite que a unidade que usou essa habilidade mova seu espaço na linha do tempo para frente do primeiro ataque aliado causado nesse turno, naturalmente sendo uma ferramenta ideal para otimizar seus combos.

“Formações de batalha” são condições que o jogador pode escolher para conseguir uma vantagem após realizar uma ação, sendo reduzir custo de habilidades uma dessas vantagens.

Contudo, o jogo também carrega um elemento de aleatoriedade no seu combate. Personagens podem espontaneamente aprender e imediatamente realizar novas habilidades após suas ações e também há a possibilidade de um ataque aliado desencadear uma reação de um inimigo. Mesmo com todo o planejamento em volta de montar uma linha do tempo perfeita para o combate, surpresas desse tipo garantem que o combate não se torne totalmente previsível. 

Infelizmente o maior ponto forte do jogo também vem acompanhado de alguns defeitos, que é a grande quantidade de encontros que cada mundo possui e por conta disso muitos encontros acabam sendo “bucha”, só enchendo tempo até a ameaça principal daquele mundo.

A trilha sonora do jogo é surpreendentemente competente na sua proposta. São músicas com um estilo bem único que te vendem um pouco do que é a identidade da franquia SaGa, mas infelizmente o jogo adora reutilizar as mesmas quatro ou 5 músicas em 90% do tempo que você vai gastar em um mundo.

Emerald Beyond infelizmente só está disponível em inglês e não possui recursos dedicados de acessibilidade além da clássica seleção de dificuldade.

Veredito

SaGa Emerald Beyond traz um sistema de combate completamente único, uma grande atenção a detalhe nas suas animações de batalha e uma trilha sonora competente, apesar dela não ter variação o suficiente para acompanhar as dezenas de batalhas que cada mundo possui. 

Infelizmente tudo que cerca esses elementos no jogo são, no melhor dos casos, esquecíveis. As histórias são meras desculpas para fazer o jogador ir de um ponto a outro no mapa e muitas vezes apenas promovem uma sequência de batalhas pelo que parece ser apenas obrigação de inserir encontros no jogo e muitas das escolhas que podem ser feitas no jogo ou conferem um valor imediato ou são inconsequentes para a resolução da história.

SaGa Emerald Beyond acerta em cheio no quê ele quer de verdade, que é apresentar esse sistema de combate super inventivo e único no meio dos JRPGs, mas infelizmente ele deixa de se importar com todos os outros elementos que fariam desse pacote um prato cheio para qualquer jogador interessado na série.

SaGa Emerald Beyond será lançado no dia 25 de Abril para PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch, Android, iOS e PC via Steam.

*Chave para review cedida por Square Enix

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Design
critica-saga-emerald-beyondSaGa Emerald Beyond acerta em cheio no quê ele quer de verdade, que é apresentar esse sistema de combate super inventivo e único no meio dos JRPGs, mas infelizmente ele deixa de se importar com todos os outros elementos que fariam desse pacote um prato cheio para qualquer jogador interessado na série.