Lançado originalmente em 2023, Pocket Bravery finalmente ganhou uma versão especial lançada para consoles, e com esse lançamento especial, tivemos a oportunidade de jogá-lo, conhecer seus sistemas, seu modo história e extras além de também brincar um pouco com suas mecânicas.
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100% Brasileiro
De produção inteiramente nacional, Pocket Bravery é um jogo de luta indie que à primeira vista evoca o charme dos jogos de consoles portáteis, mas não demora muito para sacar que ele é um jogo muito bem polido para a primeira tentativa de um estúdio independente.
É importante ressaltar que essa review foi feita baseada na versão disponível para consoles do Pocket Bravery, cedida pela própria PQube e tem algumas diferenças da versão atual disponível no PC.
A Conversinha Antes da Porrada
Sendo extremamente palpável a inspiração em Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco, Pocket Bravery traz um modo história com algumas modificações, mas que é centrado no protagonista, Nuno Alves, um jovem português que muito cedo se filiou a uma milícia que buscava roubar relíquias espalhadas pelo mundo, mas se vê buscando redenção após ser forçado a cometer crimes em nome dos seus superiores.
O modo história em si do jogo apresenta uma história funcional. Nós sabemos que o foco do jogo são suas mecânicas, mas ainda é bom ver que teve ainda um cuidado para contextualizar a aparição de cada personagem e seu lugar no pequeno mundinho de Pocket Bravery.
Mas um elemento que não teve nem um pouco de economia na utilização foi na arte pro modo história. Apesar de funcionar como uma Visual Novel e ter animações muito limitadas, o jogo não parava de apresentar ilustrações novas e com toda a qualidade das ilustrações oficiais do jogo que aparecem no material de divulgação.
Curiosamente, uma das maiores reclamações de jogos de luta modernos é que o modo história desses jogos não costumam fazer um bom trabalho de ensinar o jogador a aprender os sistemas do jogo, o que é o completo inverso com Pocket Bravery.
O modo história faz questão de apresentar cada funcionalidade principal do jogo uma de cada vez, pra que no próximo combate da história o jogador tenha essa informação já fixada e possa absorver um novo elemento sem esquecer do anterior.
A Porrada Supracitada
De maneira mais simples e direta possível, a maior impressão passada pela dinâmica e sistemas de Pocket Bravery é que ele é um jogo “honesto”. Seu maior foco é em jogar o neutro, onde ambos os jogadores estão fisgando por uma oportunidade de conseguir vantagem em cima do outro. De certa forma, é bem similar a vibe da série Alpha de Street Fighter.
E ter uma dinâmica parecida com um jogo de uma outra série não é algo ruim de forma alguma, a tensão que “jogar o neutro” causa ainda é de fazer você suar frio e o twist que o sistema principal do jogo intensifica ainda mais a tensão das partidas.
Os sistemas intrinsecamente únicos de Pocket Bravery também trazem uma abordagem interessante para a fórmula de jogos de luta, com barras de recursos separadas para os golpes “EX” e os supers do jogo.
Os golpes EX de Pocket Bravery inclusive são muito especiais pois além de causarem mais dano que o normal, podem ser usados diretamente após um especial comum e eles adicionam propriedades adicionais aos golpes, muitas vezes permitindo um ataque e otimizando o seu potencial de dano.
Ter esses tipos de recursos separados no jogo é uma sacada muito boa, já que ele pode aproveitar os golpes EX principalmente para utilidade, como conseguir jogar o oponente no canto após conseguir uma abertura enquanto o recursos para os supers fica intocado, esperando a melhor oportunidade para ser usado.
Apesar do jogo possuir rollback netcode, não tive a oportunidade de jogar online pela aparente baixa população online. Para muitos, isso pode ser um impeditivo pro jogo, mas ainda é plenamente possível que você possa encontrar comunidades dedicadas ao jogo em que você pode combinar partidas e aproveitar o jogo dessa forma.
A FGC tem lidado com jogos menores dessa forma a anos e essas comunidades ainda conseguem oferecer um ambiente muito competitivo pros jogos, organizando os próprios eventos e campeonatos além de compartilhar toda forma de conhecimento para que mais pessoas possam se aprofundar e tirar tudo que o jogo tem a oferecer.
Extras
Curiosamente, diferente de muitos jogos de luta maiores hoje em dia, Pocket Bravery tem alguns modos e conteúdos extras muito curiosos e divertidos.
Logo na versão de lançamento de console (que é diferente da versão atual de PC, com alguns personagens a menos) nós já temos 3 personagens desbloqueáveis que são personagens completos, nenhum deles parece um clone de algum outro personagem do elenco principal.
Ainda há, além dos clássicos modos de time trial, sobrevivência e até um curioso modo “de Rodoviária” , um modo bullet hell completamente diferente de todo o resto do jogo, o seu próprio flappy bird que é um desafio bem divertido de encarar.
Acessibilidade
Curiosamente, em acessibilidade Pocket Bravery tem muitas opções de configuração dedicadas: várias opções de diferentes tipos de daltonismo, com ajuste de intensidade e também opções de alto contraste.
Há uma opção para um narrador descritivo, mas ele é mais efetivo para auxiliar jogadores com impedimentos visuais a se localizarem nos menus. Ele até consegue anunciar alguns elementos no meio de uma parte como um counter hit, mas às vezes a voz dele pode ser abafada por algum outro efeito sonoro ou só não sair.
E claro, por ser um jogo brasileiro, ele foi feito inteiramente pensando no nosso idioma. Não só todas as legendas, como dublagem e até as músicas de abertura e créditos são em português e por músicos brasileiros.
Veredito
Apesar de simples, Pocket Bravery faz perfeitamente bem o que ele se propõe a fazer, um jogo de luta direto ao ponto, mas bem polido. Ainda mais impressionante por esse ser apenas do segundo jogo do estúdio, o outro sendo um jogo de plataforma.
Com um elenco bem singular e que faz o jogo ter a sua própria cara, mesmo com a perceptível influencia de outras séries, não me admiraria se Pocket Bravery já é um dos grandes destaques do brasil em games internacionalmente e que consiga alimentar uma comunidade por anos à frente.
Pocket Bravery já está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Nintendo Switch e PC via Steam.
*Chave para review cedida pela publicadora