Com lançamento marcado para 31 de outubro, Little Goody Two Shoes é um jogo de aventura e terror desenvolvido pela AstralShift e publicado pela Square Enix.

O game presta homenagem aos jogos de aventura do Playstation e início do Playstation 2, construindo um mundo de contos de fadas subvertidos e fazendo uso da mistura entre arte tradicional e moderna para criar uma experiência visual bastante singular.

A convite da desenvolvedora, O Mega pôde conferir Little Goody Two Shoes na íntegra – venha conosco conhecer Elise, o vilarejo de Kieferberg e seus muitos momentos macabros.

Um conto não tão de fadas

Little Goody Two Shoes acompanha Elise, uma jovem muito ambiciosa, moradora do vilarejo de Kieferberg  e que tem um sonho em particular: ela quer se tornar podre de rica com direito a tudo que o dinheiro pode comprar, seja castelo, vestidos, joias ou empregados. Apesar deste sonho, a realidade da menina é das mais humildes, fazendo com que a garota trabalhe para seus vizinhos em tarefas para conseguir sobreviver.

Para conseguir mudar seu próprio destino, a personagem está disposta a fazer qualquer coisa, inclusive mexer com forças que ela não entende: um belo dia, a garota encontra um lindo e misterioso par de sapatos vermelhos em seu quintal, sendo o primeiro sinal de que as coisas estão para mudar.

A história do game é vagamente semelhante ao velho conto para crianças The History of Little Goody Two-Shoes, de John Newbery, que fala sobre como a humildade leva ao sucesso – mas as coincidências param apenas no nome. Possuindo como tema central a subversão da moral da história, o game leva Elise a se envolver com bruxaria, maldições, manipulações e mentiras, tudo para conseguir seu objetivo de ter fortuna.

Little Goody Two Shoes
Reprodução/AstralShift

Estética anos 90

Um dos elementos que mais chamam a atenção em Little Goody Two Shoes é sua estética noventista, com traços que remetem muito a animações como Guerreiras Mágicas de Rayearth, Shoujo Kakumei Utena e Super Pig, especialmente durante as cutscenes do game.

Os cenários também remetem muito a histórias infantis, possuindo uma espécie de filtro diferente dos personagens, fato que encaixa perfeitamente na premissa de contos de fadas e faz parecer que estamos realmente lendo um livro antigo 

Outro ponto que faz referências e homenagens aos anos 90 é a própria gameplay, que é fortemente inspirada em jogos da época do Playstation 1: curiosamente, a forma como o jogo se movimenta lembra muito RPG’s da época, como Chrono Cross, com a personagem se movimentando por cenários estáticos.

Essas construções formam um conjunto que tem toda capacidade de ser nostálgico, mesmo sendo um título novo, e isso também se reflete em sua gameplay.

Little Goody Two Shoes
Reprodução/AstralShift

Namoros e trabalho: gameplay diurna

O gameplay de Little Goody Two Shoes talvez seja sua parte mais simples de entender: aqui o jogo se torna um gerenciador de recursos. Elise precisa trabalhar para conseguir se sustentar, e isso a deixa com fome: cada período do dia que se passa diminui um pão no contador de fome da personagem, sendo necessário usar parte do dinheiro ganho ao longo do dia para evitar que Elise morra de fome.

Cada uma das tarefas disponibilizadas pelos moradores são feitas em forma de minigames, que também possuem toda uma estética de fliperamas para combinar com o conjunto nostálgico do game. Essas tarefas só podem ser realizadas nos três primeiros períodos do dia, até o início do anoitecer.

Além do trabalho, Elise também pode passar seu tempo flertando com algumas meninas do vilarejo. Ao ir em encontros com essas garotas, Elise descobre mais sobre elas, aprofunda seus relacionamentos e também dá continuidade a história principal.

Mas não só de namoricos vive Elise: os moradores do vilarejo desconfiam que há uma bruxa entre eles, causando diversos tipos de discórdia, e Elise pode se tornar uma suspeita caso seu medidor de Suspicion (Suspeita) fique alto o suficiente. Isso acontece quando o jogador não dá respostas satisfatórias em conversas com os moradores ou tem ações suspeitas ao longo do dia. Manejar esse medidor também é fundamental para que Elise continue livre para fazer o que bem entende.

Little Goody Two Shoes
Reprodução/AstralShift

Bruxas e bodes: gameplay noturna

Quando anoitece, Elise costuma ir para casa descansar – é aqui que temos a segunda parte da gameplay de Little Goody Two Shoes, a Witching Hour. Comumente referida nos folclores como A Hora da Bruxa, essa sessão do jogo trabalha as partes mais macabras de sua história.

Geralmente, Elise acaba indo parar em algum tipo de dimensão alternativa onde coisas horrendas acontecem e onde ela é tentada pela Bruxa e por alguma outra coisa a mais. São nesses cenários que temos mais um medidor que conta a sanidade da personagem: ao presenciar mais e mais coisas além da compreensão, Elise vai perdendo a sanidade, sendo necessário gerenciá-la com diferentes itens. Caso a sanidade chegue a zero, é game over.

Nessas sessões o jogo também assume um tom mais pavoroso com seus cenários, entrando na parte de subversão dos contos de fadas. Seu terror não chega a ser assustador de fato, mas sim perturbador, com cenários distorcidos apoiados pela trilha sonora bem executada, bodes demoníacos, cabeças em cestos e mais: é, de longe, a parte mais interessante do game.

Little Goody Two Shoes
Reprodução/AstralShift

Veredito

Little Goody Two Shoes é, em termos simples, um bom jogo: sua história é bem executada, sua estética encaixa perfeitamente com seus conceitos, e sua gameplay não decepciona.

É particularmente um jogo interessante para aqueles que gostam de jogos de terror, claro, mas também para aqueles que gostam de jogos de puzzle: toda a história apresentada é um grande enigma que Elise e o jogador precisam entender. Existe muito simbolismo nas fases noturnas, que se tornam muito mais interessantes quando passamos a enxergar sua conexão com as fases diurnas e os segredos do vilarejo – que não se engane, são muitos.

Os aspectos comuns do dia a dia são um bom respiro de tudo que acontece de madrugada, também entregando bastante entretenimento. A parte de simulador de encontros do jogo é, curiosamente, muito bem construída, já que a história principal também gira em torno dessas pretendentes de Elise.

Os minigames de trabalho podem se tornar repetitivos, mas a necessidade de fazê-los nunca é grande demais, já que o game é generoso o bastante com o jogador para oferecer recursos gratuitos de vez em quando.

O fator replay também é um grande atrativo: o game tem 10 finais diferentes para Elise, dependendo exclusivamente das escolhas feitas pelo jogador ao longo da história, aumentando também o custo-benefício e a vida do game.

A única grande ressalva fica para a falta de recursos de acessibilidade e de localização para PTBR – por se tratar de um jogo onde a história é uma parte grande da gameplay, não ter os textos traduzidos para o português é um grande problema; já no que diz respeito a acessibilidade, o jogo também não possui nenhum tipo de configuração de mapeamento de controle, nem de recursos auditivos ou visuais, também excluindo uma quantidade considerável de jogadores.

Little Goody Two Shoes
Reprodução/AstralShift

Little Goody Two Shoes estará disponível a partir de 31 de outubro para Playstation 5, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC via Steam.

*Chave de PC para review cedida por: Square Enix

REVER GERAL
Direção
Enredo
Jogabilidade
Trilha Sonora
Design
Matheus
Fã de Yu-Gi-Oh!, Drakengard/NieR e Tomb Raider. Nas horas vagas, analista de Relações Internacionais e professor de inglês.
critica-little-goody-two-shoes-mistura-horror-com-contos-de-fadas-em-estetica-vintageLittle Goody Two Shoes é, em termos simples, um bom jogo: sua história é bem executada, sua estética encaixa perfeitamente com seus conceitos, e sua gameplay não decepciona. O game presta homenagem aos jogos de aventura do Playstation e início do Playstation 2, construindo um mundo de contos de fadas subvertidos e fazendo uso da mistura entre arte tradicional e moderna para criar uma experiência visual bastante singular.