Lançado no último dia 14 de setembro, Fading Afternoon é um jogo de ação 2D com foco em narrativa e estética retrô que remete aos clássicos brigas de rua dos consoles 8bits como a franquia Double Dragon.

O game é de autoria de yeo, desenvolvedor conhecido jogos altamente conceituados como The friends of Ringo Ishikawa e Arrest of a stone Buddha. Seus títulos são fortemente inspirados pelo trabalho do grande ator e diretor japonês Takeshi Kitano, autor e protagonista de longas como Hana-bi e Brother.

Fading Afternoon segue a mesma linha estética de seus antecessores, mas com uma história intrigante para chamar de sua. O Mega teve a oportunidade de conferir o primoroso trabalho de yeo na íntegra – confira tudo que achamos do jogo abaixo, sem spoilers.

Enredo

O game acompanha a história de Seiji Maruyama, um Yakuza de meia-idade que acabou de sair da prisão. Maruyama é conhecido como Gozuki, um dos generais demônios retratados na mitologia budista, impondo medo e respeito através de sua grande força, sendo também a principal arma de seu Aniki, o líder de sua família.

Porém, seus dias na prisão terminaram e o colocaram em um mundo bem diferente do que ele conhecia: sua família está reduzida a um pequeno canto da cidade, cuidando de um bar, e já não tem a mesma influência de outros dias.

Para piorar a situação, Maruyama também não é mais o mesmo jovem que aterrorizou e dominou tudo ao seu redor nos seus dias de glória. Ele está envelhecendo, e com isso, escolhas precisam ser feitas.

Fading Afternoon
Reprodução/yeo/IndieArk

Jogabilidade

Quando falamos que escolhas precisam ser feitas, falamos sério: existe uma grande liberdade para criar seus próprio estilo de jogo. Por estar envelhecendo, talvez você queira deixar Maruyama viver o resto de seus dias pescando, bebendo, fumando, jogando mahjong, indo em pachinkos e casas de massagens, vivendo a boa vida. Todas essas atividades possuem algum tipo de minigame ou interação, em especial a pescaria, que também conta com uma pequena lista de peixes para completar.

Também é possível comprar casa, carros, e roupas para o protagonista – mas tudo isso requer dinheiro, que pode ser ganho nos minigames ou da forma mais direta, que é matando os inimigos da família.

Essa é a forma de dar prosseguimento à história, escolhendo o caminho da violência, e aqui entra as mecânicas de beat ‘em ups. O jogo possui uma curta lista de combos que podem ser utilizados para dar cabo das famílias rivais, contando também com uma pistola e sendo possível roubar armas de seus oponentes como facas e katanas. Seus controles são bem simples de masterizar – mas não se engane, o game tem um nível alto de dificuldade nos combates e também nos momentos de exploração, sendo necessário bastante atenção e até mesmos várias tentativas para prosseguir na história.

A medida que vai derrotando os inimigos da família, é possível ver, no mapa do jogo, o controle dos locais mudando. Ao matar os líderes dos outros grupos, a história progride, nos levando a conhecer mais sobre Maruyama e o mundo ao seu redor, com locais para explorar e pessoas para conhecer.

Fading Afternoon
Reprodução/yeo/IndieArk

Gráficos e trilha sonora

A estética do game é simples, mas extremamente eficaz, apresentando bem todo o mundo de Fading Afternoon. É possível ver, mesmo com menos pixels, as várias expressões que os personagens fazem, passando bem suas vivências: não se trata apenas de bonecos na tela com o texto fazendo todo o trabalho, todos tem suas devidas reações ao que acontece na história.

Os locais que Maruyama visita também demonstram seu charme, com mudanças de clima como chuva e neve, prédios que retratam bem a urbanização japonesa, mas também com localidades mais simples e tradicionais, como o santuário ou o interior, que transmitem a parte cultural pela qual a sociedade japonesa também é conhecida.

E para completar o conjunto, a trilha sonora de Fading Afternoon é excepcional, com faixas que variam entre jazz, rock, pop e até mesmo música clássica. Cada uma das trilhas produzidas para o jogo exprimem muito bem as situações nas quais Maruyama entra, seja apenas visitando um local ou partindo para um encontro de vida ou morte com um inimigo. Um excelente trabalho por parte de yeo e sua equipe.

Fading Afternoon
Reprodução/yeo/IndieArk

Veredito

Fading Afternoon propõe e sustenta uma história rica em detalhes, com momentos de apreensão e reviravoltas, em um mundo pequeno mas muito bem escrito, sendo facilmente um dos melhores lançamentos independentes do ano.

Sua gameplay é simples de entender, mas também oferecendo um alto nível de dificuldade, nunca tentando levar o jogador pela mão seja no combate, seja na exploração. Existe a opção, logo no início do jogo, de escolher um modo fácil para jogar: mesmo assim, o game não perdoa, não chegando a ser frustrante ou injusto, mas com certeza exigindo que o jogador entenda o jogo. A possibilidade de múltiplos finais oferece a chance de jogar o game mais de uma vez e dominá-lo por completo.

A parte visual e sonora do jogo também é um grande agrado, principalmente para aqueles que já jogaram os outros games do desenvolvedor, ou para aqueles que curtem a estética 2D dos jogos 8bit. O game está disponível com legendas em português, mas não conta com outras opções de acessibilidade além desta.

Fading Afternoon
Reprodução/yeo/IndieArk

Fading Afternoon está disponível para PC via Steam.

Chave para review disponibilizada por Masamune

REVER GERAL
Direção
Jogabilidade
Trilha Sonora
Localização
Design
Matheus
Fã de Yu-Gi-Oh!, Drakengard/NieR e Tomb Raider. Nas horas vagas, analista de Relações Internacionais e professor de inglês.
critica-fading-afternoon-traz-jogabilidade-simples-com-uma-historia-profunda-e-recheada-de-escolhasFading Afternoon propõe e sustenta uma história rica em detalhes, com momentos de apreensão e reviravoltas, em um mundo pequeno mas muito bem escrito, sendo facilmente um dos melhores lançamentos independentes do ano.