Com produção da BINGOBELL e publicação da BeStarsGames, Dark Fairy Tale: Dreamland Survivors é um roguelike top-down com tiro automático.
Os jogadores assumem o papel de Pinóquio, caído em um mundo de sonhos distorcido, coletando Ovos de Sonho proibidos que concedem habilidades ofensivas e de sobrevivência em constante mudança.
Visão estética e execução temática
Dark Fairy Tale: Dreamland Survivors mergulha o jogador numa reinterpretação grotescamente bela de contos de fadas clássicos, colocando-o no papel de Pinóquio, preso num reino de pesadelo onde personagens distorcidos — como um Patinho Feio vingativo e uma Chapeuzinho Vermelho hostil — o atacam sem piedade.
O estilo de arte desenhado à mão é inegavelmente marcante, com personagens que exalam uma estética circense arrepiante, combinando perfeitamente com a trilha sonora perturbadora. Os cenários, porém, decepcionam: são frequentemente genéricos e repetitivos, sem o mesmo cuidado dado aos inimigos. Essa dissonância visual às vezes quebra a imersão, ainda que o conjunto consiga transmitir um charme sombrio de livro de histórias.
A premissa narrativa — a luta de Pinóquio para escapar do pesadelo — serve mais como pano de fundo para a jogabilidade do que como um motor da trama, deixando a construção do mundo esboçada apenas por diálogos de inimigos e fragmentos de lore baseados em tarô.

Mecânicas inovadoras e profundidade estratégica
No cerne, Dreamland Survivors é um roguelike auto-shooter (inspirado em Vampire Survivors), mas seu grande trunfo é o sistema de Ovos do Sonho, uma mecânica de risco e recompensa dinâmica. Durante as partidas, o jogador coleta ovos fantásticos e decide se os devora para ganhos permanentes de atributos (aumentando a dificuldade futura) ou os ativa para habilidades temporárias poderosas.
Essa tensão entre poder imediato e progressão a longo prazo adiciona camadas estratégicas cruciais. Complementando isso, o sistema de sinergia de armas permite que três tipos (Lanceiros, Arqueiros e Conjuradores) se combinem dinamicamente conforme a ordem nos slots, criando builds diversificadas quando aliados aos efeitos dos ovos e talentos.
As Provas do Tarô — 22 fases-desafio baseadas em arcanos — elevam o jogo além do simples massacre de hordas. Cada prova exige estratégias únicas (como explorar fraquezas de inimigos ou evitar armadilhas ambientais), recompensando o sucesso com fragmentos de personagem e habilidades temporárias de tarô. Coletar quatro fragmentos desbloqueia variantes de Pinóquio, cada uma com habilidades únicas, ampliando a rejogabilidade.
Esses sistemas formam um ciclo cativante, embora a curva de aprendizado seja íngreme. Erros no uso dos ovos ou na montagem de builds podem levar a partidas impossíveis, que pode ser um ponto de frustração.

Problemas técnicos e limitações de design
Apesar da ambição, o lançamento do jogo em 19 de junho de 2025 virá após uma demonstração pública repleta de falhas técnicas e de balanceamento. Alguns dos bugs persistentes: bônus de ovos exibidos incorretamente, travamentos após pausas e textos transbordando elementos da interface.
Uma grande atualização pré-lançamento (durante o Steam Next Fest de junho) corrigiu parte disso (como opções de VSync e clareza no tutorial), mas ainda é possível notar o consumo excessivo de VRAM e instabilidades.
No design, a variedade de inimigos é uma fraqueza. Zonas iniciais repetem inimigos com apenas mudanças de cor e mais vida, gerando repetição até que as Provas do Tarô mais profundas sejam liberadas. O sistema de cartas de tarô, embora inovador, é marcado pela aleatoriedade — falhar uma prova devido ao RNG desfavorável parece punitivo.

Veredito
Dark Fairy Tale: Dreamland Survivors é um paradoxo: ao mesmo tempo imaginativo e irregular. Suas inovações — Ovos do Sonho e Provas do Tarô — avançam o gênero bullet heaven, oferecendo profundidade estratégica e builds quase infinitas.
A direção de arte, mesmo inconsistente, transborda charme macabro, e a promessa de 22 provas e modos infinitos agrada tanto completistas quanto sobreviventes hardcore. Porém, a experiência é prejudicada por má otimização e repetição, especialmente nas primeiras horas.
Para fãs de roguelikes em busca de complexidade além do Vampire Survivors, o jogo merece estar na lista de desejos — principalmente se atualizações pós-lançamento polirem suas arestas. Jogadores casuais, porém, podem achar seu desbalanceamento e grind iniciais frustrantes.
Com lançamento próximo, Dreamland Survivors é um experimento fascinante e falho que pode se tornar um cult — se seus pesadelos virarem sonhos via patches.

Dark Fairy Tale: Dreamland Survivors estará disponível em 19 de junho para PC via Steam.
*Chave para PC para a produção desta análise cedida por BINGOBELL