Blades of Fire foi lançado em maio de 2025 para as plataformas PC (via Epic Games), Xbox Series X|S e PlayStation 5. Desenvolvido pela Mercury Steam e publicado pela 505 games, o título coloca os jogadores em meio a uma história com clima fantástico, cheio de ação e que traz muito dos elementos que destacaram a Mercury Steam no mercado, por exemplo o seu estilo artístico que remete a Castlevania: Lords of The Shadows e um bom ritmo de jogo.

Desde seu anúncio, o game chamou a atenção não só por quem estava responsável pelo desenvolvimento do game, mas por ser o primeiro projeto autoral do estúdio, que além de trazer suas marcas visuais registradas, apresentava ao público uma gameplay desafiadora. Seus visuais também chamaram bastante a atenção, principalmente em relação aos detalhes dos cenários e polidez. Mas será que o jogo entregou o que prometeu?

Era uma vez

Em sua narrativa, somos introduzidos a um mundo criado por seres chamados Forjadores, responsáveis por moldar tudo. Após uma época de ascensão, uma guerra terrível levou a civilização anteriormente criada à ruína, o que levou os Forjadores a entenderem que sua era estava no fim e criando os humanos para transmitir seu maior trunfo: o segredo do aço. Após milênios de paz, sob o reinado da Rainha Nereia, foi lançada uma maldição que transforma o aço de seus inimigos em pedra, assim, distorcendo o legado dos Forjadores.

Em meio a este caos somos introduzidos ao protagonista Aran de Lira, filho do Comandante da Guarda Real, que cresceu ao lado de Nereia. Ainda sobre seu passado, eventos marcantes na vida de Aran fizeram abandonar a corte e ter como missão pessoal assassinar a rainha e acabar com seu reinado de terror. Mesmo com as limitações de manipular aço, Aran ganha tal habilidade ao receber o martelo que era de um dos forjadores. Outros dois personagens importantes são o jovem Adso – que acompanha o protagonista tal qual Atreus acompanha Kratos – e uma antiga forjadora Glinda.

Glinda
Reprodução/505 Games

Desde o início do jogo, o objetivo do protagonista é bem delineado e apresenta praticamente nenhuma alteração. Assim, as descobertas ficam por conta de entender mais deste universo, suas criaturas e como o poder dos forjadores estão refletindo no tempo da narrativa. Falando em interações, é difícil não ver inspirações nos jogos mais recentes de God of War, não pela gameplay, mas sim, pela relação entre os personagens. Aran trata Adso como Kratos trata Atreus, como um filho. Isso se estende quando falamos de Glinda, que poderia ser comparada a Mimir pelo seu papel mais sábio e que ajuda a contextualizar alguns acontecimentos.

Essas semelhanças não atrapalham o desenvolvimento da narrativa, mas dão luz a uma relação superficial que beira o forçado em alguns momentos. Em um ponto mais avançado do game, não teria problema a relação paternal entre Aran e Adso, porém não se passam 15 minutos e já temos estabelecido esse laço entre personagens até então desconhecidos. Um ponto interessante da presença de Adso, apesar da incoerência causada inicialmente, é seu papel como historiador do universo em que o jogo se passa. Conversando com o garoto temos mais contexto de acontecimentos que levaram a história até o ponto em que estamos, inclusive, podemos obter dicas de como superar inimigos e saber mais localidades específicas que estamos nos aventurando.

Aço e pedra

Quando falamos do gameplay de Blades of Fire pensando em seu trailer, podemos ter como referência confrontos no estilo soulslike. Esta visão não está totalmente errada, pois ainda há elementos como uso de energia e bonfires no formato de forjas. Porém, essa referência não é única e o jogo tenta criar algo novo ao mesclar isso com ataques direcionado a partes do corpo dos inimigos expostas que podem tornar seu dano maior. Este elemento, que lembra os embates de For Honor, traz um diferencial interessante e estratégico que é usado de forma original dentro da combinação proposta.

Blades of Fire - 3
Reprodução/505 Games

A mescla de gerenciamento de energia e acerto de pontos fracos do oponente funciona bem, mas sofre com a questão de ritmo de batalha quando confrontamos múltiplos oponentes de uma única vez. Momentos mais intensos como este entram em conflito com a mecânica de combate de Aran, tornando parte das batalhas mais puxadas para um hack and slash.

A presença das forjas do game são interessantes pela sua funcionalidade. Além de servir para restaurar vida e recursos do protagonista, ela também dá acesso à Forja Divina, onde criamos armas. Na Forja Divina podemos craftar armas a partir de um mini-game para moldar a arma segundo sua blueprint. Quanto mais próximo dos traços da arma as barras ficam, maior são seus atributos e mais vezes podemos ser restauradas. Desbloquear a construção de novas armas está relacionado com eliminar uma quantidade específica de inimigos que a usam.

Blades of Fire - 2
Reprodução/505 Games

Visualmente o jogo é interessante e traz elementos bonitos. O visual dos inimigos é inspirado e trazem um bom design, tal qual é visto nas opções armas e diferentes formas que podemos usar em suas construções. Entretanto, o que mais chama a atenção no aspecto visual é a ambientação do mundo, vasto de longe, mas com tamanho limitado e bem conectado para a navegação.

Veredito

Blades of Fire é um bom jogo, com boas ideias e que utiliza misturas promissoras para criar sua própria identidade. Sua gameplay é divertida, porém em diversos momentos carece de um combate mais cadenciado e menos frenético, ou com menor quantidade de inimigos na área. Ainda sobre sua gameplay, a mecânica de acertar ataques específicos e gerenciar suas armas para ter mais efetividade no dano é um dos pontos mais interessantes. A evolução do personagem vinculado a confecção de armas mais aprimoradas é bem aplicada, quando colocamos esse elemento com o mini-game proposto para a criação do armamento temos outro destaque que mostra a criatividade do estúdio.

*Chave para análise enviada para análise pela 505 Games para Xbox Series

REVER GERAL
Narrativa
Gameplay
Visual
Cenários
Efeitos sonoros
Renan Alboy
Editor do Megascópio e apaixonado por quadrinhos e jogos. Mestre em Ciência da Computação e Jornalista.
critica-blades-of-fire-mira-no-souls-e-acerta-no-hack-and-slash-descompassadoBlades of Fire é um bom jogo, com boas ideias e que utiliza misturas promissoras para criar sua própria identidade. Sua gameplay é divertida, porém em diversos momentos carece de um combate mais cadenciado e menos frenético, ou com menor quantidade de inimigos na área.