Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore | Crítica – Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore se apresenta como um filme recheado de referências para os fãs da saga e também como o longa menos vazio dessa nova franquia. 

Após uma sequência desastrosa, o terceiro filme de “Animais Fantásticos” também passou por grandes turbulências em sua produção, em maior parte pela a autora da saga, que protagonizou em seu twitter diversos casos de comentários transfóbico.

Nesse terceiro filme felizmente fica claro que o roteiro de Steve Kloves encerra ciclos interminados dos filmes passados, apresenta tramas bem amarradas, e um bom “final” caso seja necessário que a saga se encerre por aqui.

Os Segredos de Dumbledore não é um filme com um roteiro ambicioso – e nem explica mais sobre a o paradeiro de Nagini –, mas se apresenta como um material seguro de si em tempos turbulentos para a saga.

E por falar em turbulentos, Kloves faz questão de deixar a sua marca logo no início do filme nos mostrando sem medo os reais sentimentos entre Alvo Dumbledore (Jude Law) e Gellert Grindelwald (Mads Mikkelsen).

Trama Repaginada

O ponta pé inicial para esse filme é dado quando o professor Alvo Dumbledore sabe que o poderoso mago das trevas – e um dos grandes amores de sua vida – Gellert Grindelwald está se movimentando para assumir o controle do mundo mágico e deseja exterminar os “trouxas”. Vale frisar que o roteiro astutamente se utiliza geograficamente dos confrontos políticos presentes no filme, para fazer um parelo com a chegada de Hitler ao poder da Alemanha, e apresenta mesmo que sutilmente temas como o racismo.

Por conta de um antigo feitiço, Alvo é incapaz de detê-lo sozinho, e então ele pede ao magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) para liderar uma curiosa equipe de bruxos, bruxas e o nosso querido Jacob em uma missão praticamente impossível – mas Dumbledore que isso, impossível né? -.

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore Crítica
Lally, Theseus, Alvo, Jaco e Newt em Hogwarts – Reprodução/Warner

Tendo agora no centro da trama um novo animal fantástico que ditará o rumo do mundo bruxo, o grupo se reencontra com velhos e novos animais fantásticos, e entram em um embate com a crescente legião de seguidores de Grindelwald.

Roteiro e Direção

O nome da saga parece assombrar o roterista desse longa, até porque a parte menos interessante desse terceiro filme certamente é o plot que nos leva a decisão final que envolve uma nova criatura lendária do mundo bruxo. Quem é o principal responsável por roubar a cena aqui, é o novo Grindelwald, vivo pelo incrível e incomparável Mads Mikkelsen que foi capaz de trazer toda a intensidade e orgulho desse personagem sem parecer caricato – definitivamente Johnny Depp não deixará saudades – .

Outra peça que se encaixou perfeitamente nesse xadrez bruxo foi a atriz Jessica Williams como Eulalie “Lally” Hicks, que veio para suprir a ausência da atriz Katherine Waterston (Tina) que se desentendeu com a autora da obra após os comentários transfóbicos. Lally e Jacob acabam formando uma dupla e tanto, e são os responsáveis por protagonizarem a melhor cena de ação com CGI que o mundo bruxo já viu – e isso tudo durante um jantar! -.

Após milhões de anos de “casa”, parece que finalmente o diretor David Yates aprendeu como fazer um bom duelo mágico com varinhas. Apesar de um novo e incompreensível elemento ser apresentado para as cenas de luta – que certamente foi um artifício do roteiro para diminuir o custo e turbulência na produção –, é inegável que tanto David quanto a Warner se empenharam para entregar cenas que enchem os olhos de qualquer potterhead.

Você agora também pode estar se perguntando qual o paradeiro de Credence Barebone após a confirmação de que ele é na verdade Aurelius Dumbledore (Ezra Miller). Podem acalmar seus corações, pois apesar desse núcleo não receber tanta atenção no primeiro ato do longa, somos surpreendidos positivamente no ato final com o seu envolvimento na família Dumbledore.

O filme acaba e muitos dos segredos de Dumbledore continuam escondidos, mas vale ressaltar que um ponto para lá de positivo é que a dualidade quanto a morte de sua irmã ainda está presente.

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore Crítica
Mads é o Grindelwald perfeito – Reprodução/Warner

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore bebe na fonte de seus antecessores e surfa na nostalgia com suas referências a feitiços e objetos já conhecidos pelos os fãs, e por último e não menos importante, a trilha sonora icônica da saga. Porém nem tudo são sapos de chocolate e o roteiro acaba falhando temporalmente ao trazer uma personagem muito amada pelos potterheads.

Outro ponto que está longe de ser um feijãozinho de algodão doce é a falha nas transições de núcleos que se apresentam de formas bruscas e em cenas com tons muito distintos, algo que facilmente poderia ter sido evitado, mas parece que David realmente achou que soltar balaços aleatoriamente seria uma boa escolha. Essa opção fica clara em uma cena que se alterna entre dois núcleos: uma longa cena de CGI que envolve os irmãos Scamander com tom de comédia e a outra do núcleo político.

E por falar em irmãos Scamander, Callum Turner (Theseus Scamander) foi um dos grandes “pomo de ouro” desse filme e fez aflorar um lado mais empático de Newt para com os humanos, já que não contamos com Tina que era responsável por tirar Newt de sua zona de conforto.

Apesar de duas horas e vinte e dois minutos de filme, nem todos os personagens teriam o tempo de tela que merecem e infelizmente esse foi o caso do novo bruxo Yusuf Kama (William Nadylam) e também da nossa brasileira Maria Fernanda Cândido na pele de Vicência Santos.

Diferentemente de Yusuf que foi apenas mais uma peça para essa longa, Vicência certamente teve cenas cortadas do filme, já que sua personagem se torna uma figura de autoridade e de extrema importância para o futuro político de Animais Fantásticos daqui para frente. E cuidado ao piscarem, vocês poderão perder a sua curta frase de milhões de Vicência e a aparição rápida do Brasil ao final do filme.

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore Crítica
Dumbledore revelando o feitiço que liga ele a Grindelwald – Reprodução/Warner

Os Segredos de Dumbledore é esse alcaçuz todo mesmo?

Com um figurino impecável embalado por uma trilha sonora que aquece o coração de qualquer fã, “Os Segredos de Dumbledore” mergulha na nostalgia com suas referências e traz um roteiro sem muita ambição, porém muito seguro de si.

O longa conta com uma das melhores cenas de ação já vistas no mundo bruxo, além de nos apresentar o verdadeiro lado sádico de Gellert Grindelwald interpretado pelo incomparável Mads Mikkelsen.

E quanto ao futuro da franquia? Nos resta esperar, mas Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore apresenta um final que junta muitas pontas soltas que foram abertas pelos primeiros filmes e deixa um gostinho de “quero mais”.

*Filme conferido em cabine de impressa da Warner*

REVER GERAL
Roteiro
Direção
Trilha Sonora
Figurino
Fotografia
Elenco
Thai Spierr
Crítica, criadora de chocobo e consumidora de animes e games em tempo integral. Especialista em estudos sobre acessibilidade e classificação etária em jogos
animais-fantasticos-os-segredos-de-dumbledore-criticaCom um figurino impecável embalado por uma trilha sonora que aquece o coração de qualquer fã, "Os Segredos de Dumbledore" mergulha na nostalgia com suas referências e traz um roteiro sem muita ambição, porém muito seguro de si.