Em conversa durante a BGS 2023, Naoki Yoshida falou com a equipe d’O Megascópio sobre a forma como Final Fantasy aborda mecânicas de acessibilidade. 

Yoshida conta que a experiência de desenvolver Final Fantasy XIV é a inspiração maior por trás do trabalho em acessibilidade feito também em FFXVI. O game sempre teve como objetivo principal incluir o maior número de pessoas possível:

“… um dos nossos principais conceitos com Final Fantasy XIV é que queremos que o maior número possível de pessoas ao redor do mundo jogue este jogo, queremos fazê-lo acessível para o maior número possível de jogadores.”

Final Fantasy XIV
Final Fantasy XIV. Reprodução/Square Enix

O produtor conta que a primeira coisa que ele se lembra sobre o assunto é estar trabalhando com a equipe em conteúdos de combate do jogo. No desenvolvimento, a equipe usava diferente cores de marcadores para sinalizar diferentes elementos, sendo um deles de cor laranja – um dos feedbacks recebidos sobre esses conteúdos foi que algumas pessoas não conseguiam enxergar a cor, parecendo tudo cinza para eles: 

“Assim que recebemos esse feedback, dissemos ‘Ok, temos que fazer algo sobre isso’, e a primeira coisa que fizemos foi eu e a equipe de UI nos reunirmos, sairmos e pegarmos muitos livros sobre daltonismo para descobrir quais tipos de daltonismo existem, como isso afeta certas pessoas de diferentes maneiras e como criar um sistema que se adapta a todos os diferentes tipos de pessoas nesse sentido.”

Após conseguirem encontrar uma forma de incluir pessoas com daltonismo no game, o retorno recebido fez a equipe querer mais. A partir daí, a ideia se tornou “fazer este um dos jogos mais personalizáveis que existe, para que muitas pessoas o conheçam.” A customização da interface e dos controles tem como objetivo permitir diferentes tipos de ajustes para diferentes tipos de pessoas, tudo com o conceito de ter o maior número de pessoas jogando em mente, sendo possível, por exemplo, jogar o game com os pés ou ter sons representados de forma gráfica na tela.

Final Fantasy XIV
Final Fantasy XIV. Reprodução/Square Enix

Outro ponto abordado por Yoshida é a questão de dificuldade do jogo, que também faz parte da acessibilidade. Ao invés de usar conceitos simples como escolher entre níveis de dificuldade, a equipe quis ir além:

“… há certos jogadores que talvez sejam não tão bons quanto outros jogadores quando se trata de jogos de ação, então usando esse conceito que temos de disponibilizar o jogo para muitas pessoas, queríamos tornar nosso sistema de dificuldade em algo que não é você simplesmente escolher entre difícil, normal ou fácil, mas ter um jogo totalmente personalizável para cada pessoa torna o jogo mais acessível.”

Isto também se reflete nas atualizações de Final Fantasy XVI, que seguem o mesmo princípio de FFXIV de inclusão e adicionam diversos recursos de personalização de interface e controles. A ideia para o jogo é “eventualmente torná-lo totalmente personalizável para muitos tipos diferentes de jogadores jogarem do seu jeito.” Yoshida também destaca o desejo da equipe de ser uma referência no assunto:

“Continuaremos fazendo isso mesmo além de Final Fantasy XVI, queremos ser conhecidos como aqueles, pelo menos entre os desenvolvedores no Japão, que trabalham mais arduamente em acessibilidade.”

Final Fantasy XVI
Final Fantasy XVI. Reprodução/Square Enix

Você pode assistir a entrevista completa em vídeo no canal d’O Megascópio no Youtube, com legendas em português, e que também está disponível em texto: