Em primeiro lugar, você conhece Dragon Ball? É claro que sim. É, de longe, uma das franquias mais famosas da história dos quadrinhos e da animação, no geral. E não falo só de Japão não. Extremamente popular em todos os cantos do mundo.

As primeiras páginas de Dragon Ball foram publicadas no final de 1984, mais precisamente num 3 de dezembro. E acabou muitos anos depois, em 5 de junho de 1995, totalizando 519 capítulos, em 42 volumes (Totalizando Clássico e Z). Foram 11 anos de publicação!

Que comece a magia…

Escrito e desenhado pelo genial Akira Toriyama, Dragon Ball conta a história do pequeno Son Goku, que morava sozinho nas montanhas e vivia pacatamente com sua esfera de quatro estrelas, até que uma garota chamada Bulma aparece procurando essa tal esfera e aí todo mundo já sabe a história.

Tudo começou por causa desta pequenina

Porém, antes de estourar com Dragon Ball, Toriyama já tinha emplacado um sucesso na Jump, com o ótimo Dr. Slump. Um pouco antes de sua obra-prima, Toriyama escreveu Dragon Boy, que conta a história de um garoto com asas de dragão, que luta kung-fu e tem que escoltar uma princesa. Dragon Boy serviu como um “protótipo” do que seria Dragon Ball um ano depois.

Goku e Chichi. Não, pera…

Aventura!

As origens de Dragon Ball foram inspiradas em Jornada ao Oeste, que conta a história do Rei Macaco Sun Wukong. Muitos dos elementos dessa história serviram de base para a obra, como o próprio Rei Macaco, o bastão mágico e a nuvem voadora. As primeiras aventuras de Goku continham um tom mais cômico, mais leve. Algumas coisas chegavam a ser meio nonsense, o que garantia ótimas tiradas engraçadas.

Contudo, a partir da série Z – lembrando que no Japão o mangá de Dragon Ball é uma coisa só, ao contrário do que foi aqui no Brasil – foi que começamos a ver uma história focada mais em lutas frenéticas e personagens musculosos, talvez uma influência da época ou pressão da editora. O anime estreou em terras nipônicas no dia 26 de fevereiro de 1986, sendo exibido até o dia 12 de abril de 1989. Um dos grandes triunfos de Dragon Ball são seus personagens carismáticos. Desde Goku, o protagonista de coração puro, até um personagem de apoio como Lunch, por exemplo. Não que os personagens sejam psicologicamente bem desenvolvidos, mas eles têm um charme, uma graça que te faz gostar deles de alguma forma.

Ka…. Me…. Ha… Me… Haaaa!

Toriyama criou um universo único, onde humanos convivem em harmonia com animais antropomórficos de todos os tipos – inclusive dinossauros. A Terra onde se passa a história é uma vaga lembrança da Terra real, em que inclusive a contagem de datas é diferente. A primeira fase de Dragon Ball, além de ter uma ótima veia cômica, também era mais focada em aventuras, no caso a procura pelas esferas do dragão. Não que houvessem tantas lutas como foi na fase Z, mas a primeira fase da obra era mais focado na procura das esferas do dragão em si do que na porradaria desenfreada.

O mundo de Dragon Ball

Mas o que são as esferas do dragão? São sete esferas mágicas (daí o nome da série), espalhadas pelo mundo, e quem as reunir terá direito a pedir qualquer coisa. Sim, qualquer coisa. Por isso várias pessoas no mundo a procuram, para realizar desejos bondosos e também vários tipos de maldades. Sendo assim, as aventuras de Goku e cia giram em torno da busca pelas sete esferas. Dragon Ball foi dividido em cinco sagas, sendo elas:

  • Rei Pilaf;
  • Tenkaichi Budokai – Jackie Chun;
  • Red Ribbon;
  • Tenkaichi Budokai – Tenshinhan;
  • Piccolo.
Vamos lá buscar as esferas do dragão

Porradaria!

Então, em abril de 1989, Dragon Ball chegava ao fim da primeira fase com o encerramento da Saga de Piccolo, com Goku já entrando na fase adulta para dar lugar à consagrada fase Z. A fase Z estreou na TV japonesa ainda em abril, no dia 26, com o início da saga dos Saiyajins e seu irmão Raditz, onde, mais tarde, saberíamos as reais origens de Goku e o fato de ele ser um “humano” com rabo de macaco.

Com uma pegada totalmente diferente da fase inicial, Dragon Ball Z era mais focado em ação e lutas frenéticas, como era o que estava na moda no Japão. Realmente não sabemos se essa mudança brusca na série foi ideia do Toriyama desde o começo ou foi pressão da editora. Importante lembrar que naquela época os mangás de porrada estavam em alta, tais como o clássico Hokuto no Ken.

Músculos e mais músculos!

Dragon Ball Z durou 291 episódios, acabando em 1996 (Lembrando que o mangá acabou um ano antes), rendendo algumas partes excelentes, como a transformação em Super Saiyajin e outras ruins, como os fillers e uma já cansada saga de Boo. As lendas dizem que a fase Z acabaria na saga de Namekusei, finalizando ali a lenda do Super Saiyajin, o que seria um final perfeito para a série. Mas, devido à pressão das partes envolvidas e o enorme sucesso que a série fazia, Akira Toriyama estendeu em mais duas sagas: Cell e Majin Boo, com um final satisfatório.

Dragon Ball Z fechou com quatro sagas:

  • Saiyajins;
  • Freeza/Namekusei;
  • Cell;
  • Boo.

Em 2009, foi lançado Dragon Ball Kai, recontando a história da fase Z, mas com a qualidade gráfica melhorada e bem menos episódios, sem nenhum dos fillers.

Ao todo, já foram lançados mais de 15 filmes, abordando todas as fases da série. Desses filmes, três deles são canônicos. Uma pequena curiosidade: No Japão, o desenho passava somente aos sábados. Imagina a angústia que foi para acabar os intermináveis cinco minutos da explosão de Namekusei?

Isso tudo em 291 episódios

E o GT?

Em seguida, ainda explorando todo esse boom da série, a Toei lançou, no começo de 1996, Dragon Ball GT, apenas em anime. Com 64 episódios, essa fase não agradou tanto assim, apesar dos esforços dos produtores em voltar às origens da série, com Goku criança e baseado mais em aventura, com a procura das esferas do dragão. Apesar de não ser uma série com tanto sucesso assim, ela teve um bom conceito, que poderia ter sido explorado na fase Z, que eram os dragões das esferas.

Anime e mangá no Brasil

Dragon Ball estreou oficialmente no Brasil no dia 19 de agosto de 1996, inicialmente no programa do Sérgio Mallandro. Depois de um tempo, ele foi parar no “Sábado Animado“, do SBT, com Street Fighter 2 Victory, Fly e outros desenhos. O SBT havia comprado apenas uma parte dos episódios, e sempre que chegava o momento que Goku ia subir a torre, logo após a luta com Taopaipai, voltava tudo para o começo. (Lembrou-se de Cavaleiros e a Casa de Leão?)

Ainda assim, vimos momentos memoráveis, como a luta contra a Red Ribbon e o primeiro torneio de artes marciais, contra Jackie Chun. Somente alguns anos depois é que a Globo comprou a série completa, e aí sim transmitiu a fase “criança” de Goku por completo. Finalmente tivemos a chance de conhecer novos personagens, como Tenshinhan, Chaos e o grande vilão, Piccolo. A fase Z estreou aqui em primeiro de junho de 1999, no Cartoon Network. Quatro meses depois, no dia 25 de outubro, o anime estreou na Band, em um quadro “solo”.

O Goku cresceu!

Depois, mais tarde, foi incorporado ao programa Band Kids, comandada pela simpática Kira (Quem lembra?). O programa Band Kids contava, além de DBZ, com outros desenhos, tais como o ótimo Tenchi Muyo, o nem tão bom assim Cadillacs and Dinosaurs, entre outros. A Bandeirantes exibiu a fase Z até o fim da Saga de Cell, para depois a Globo exibir a última saga, a de Boo, e para mais depois comprar a série inteira e exibi-la, com bastante audiência e sucesso. Até mesmo a fase Z na Band sofreu com o problema de comprar X episódios. Lembro com exatidão do anúncio da Saga de Cell, com a Kira dizendo: “E com vocês, o novo Dragon Ball Z”. O episódio em questão era o que Trunks aparecia pela primeira vez.

O mangá de Dragon Ball chegou oficialmente ao Brasil no final de 2000, com Cavaleiros do Zodíaco, sendo os dois primeiros mangás publicados no país. O mangá teve a incrível marca de 83 volumes! Sendo 32 para Dragon Ball e outros 51 para a fase Z. Devemos lembrar que naquela época todos os mangás publicados aqui eram publicados em formato meio-tanko.

Mais de 80 volumes!

Eu particularmente achei o máximo aquilo tudo, pois nunca pensei que tais obras vinham de histórias em quadrinhos. Um pouco antes dos mangás chegarem oficialmente por aqui, a Editora Abril Jovem havia lançado alguns movie books, em 1997. Eram os mangás dos filmes. Eu nunca achei nada em sebos, por exemplo. Mas são totalmente dispensáveis, apenas para colecionadores.

Como sou um assíduo leitor de mangás e não tenho mais paciência para enrolação, achei o mangá de Dragon Ball Z maravilhoso no aspecto de que a história flui sem problemas, como os que vimos em sua série animada, com vários fillers totalmente desnecessários (mas admito que Goku tirando carteira foi hilário).

Depois disso, foram lançadas várias edições de Dragon Ball. Edições de luxo, edições em tanko, igual ao Japão, etc. A última emissora a exibir Dragon Ball Z foi a Rede Brasil de Televisão (não confundir com TV Brasil).

E o futuro da série?

Nos últimos anos, houve um novo boom de Dragon Ball, com lançamento de ovas, filmes, mangás e jogos. O grande destaque ficou para a continuação do mangá/anime, Dragon Ball Super. Desde então, tivemos alguns lançamentos, como o excelente Dragon Ball FighterZ, um jogo de luta que passa a mesma sensação do anime: porradaria frenética. Há também o card game oficial, chamado Dragon Ball Super Card Game (pretendo falar sobre), que é espetacular e recomendo a todos conhecerem. Dragon Ball Heroes é uma salada de frutas que eu particularmente adoro, abordando os multiversos da série.

Obrigado, Toriyama!

Por fim, acredito que a infância e a adolescência de muitos leitores aqui tenham sido mais felizes com Dragon Ball. Devemos agradecer ao “Tio Akira” por ter concebido algo eterno e imortal como Dragon Ball. As aventuras de Goku e sua turma ficarão para sempre em nossas mentes.

“Não importa o que aconteça, tudo vai ficar melhor”