Desenvolvido pela Gaming Factory, JDM: Japanese Drift Master é um simulador de corrida em mundo aberto ao estilo Need For Speed.

O jogo se orgulha de apresentar estradas desafiadoras que fazem use de uma física de simulação refinada, também contando com um mundo aberto inspirado em áreas da vida real e com um mangá in-game que conta sua história.

Física de condução — onde o Drift brilha (e o Grip falha)

O grande trunfo de JDM: Japanese Drift Master está em sua mecânica de drift, que equilibra acessibilidade e realismo de forma satisfatória. O modelo de física simcade prioriza sobresterço e transferência de peso, facilitando o início das derrapagens, mas exigindo habilidade para mantê-las.

Um medidor de equilíbrio (estilo Tony Hawk) ajuda o jogador a controlar o ângulo do drift, com uma agulha que avisa quando o carro está prestes a girar — especialmente perigoso na chuva. Enquanto o modo arcade oferece assistentes generosos, o modo simcade introduz física de pneus mais realista, embora haja pouca diferença prática entre eles.

Eventos focados em drift — como corridas por pontos em estradas de montanha ou entregas de sushi estilosas — são eletrizantes, aproveitando vias estreitas que exigem controle preciso do acelerador.

Porém, o sistema de pontuação é inconsistente: colisões mínimas ou giros resetam os multiplicadores de forma imprevisível, frustrando performances de alto nível. Pior ainda são as corridas de aderência (grip) e drag, que parecem mal desenvolvidas. Os oponentes de IA agem de forma caótica, colidindo sem lógica, enquanto carros de tração dianteira dominam provas onde drift é inviável.

A rotulagem das missões piora tudo: eventos anunciados como desafios de drift frequentemente exigem carros de aderência, forçando trocas tediosas de veículo e viagens longas pela mapa, já que o sistema de fast travel é limitado.

JDM: Japanese Drift Master
Reprodução/Gaming Factory

Mundo e atmosfera — um Japão bonito, porém vazio

Ambientado na fictícia Província de Guntama, o mundo aberto de JDM oferece mais de 250 km de estradas inspiradas nas paisagens japonesas: cidades iluminadas por néon, rodovias litorâneas e passagens montanhosas serpenteantes (touge) cercadas por cerejeiras. Ciclos dinâmicos de dia/noite e clima aumentam a imersão — a chuva amplifica a dificuldade do drift, e o crepúsculo lança tons dourados sobre as montanhas.

As estradas estreitas exigem precisão técnica, criando tensão ao desviar do trânsito. Mas essa beleza esconde falhas gritantes. A densidade do tráfego é desequilibrada: exagerada em áreas rurais e assustadoramente baixa nas cidades, contrariando a promessa de ruas movimentadas. A interação ambiental também é incoerente: alguns objetos se deformam no impacto; outros travam o carro bruscamente. Dirigir à noite é prejudicado por faróis de NPCs mal implementados, quase invisíveis.

Apesar de passeios cênicos oferecerem calmaria momentânea, o mundo carece de profundidade. Atividades secundárias são repetitivas (radares, entregas genéricas), e a exploração é desincentivada por barreiras indestrutíveis e segredos insignificantes. No fim, Guntama parece um cenário de cartão-postal sem vida.

JDM: Japanese Drift Master
Reprodução/Gaming Factory

Conteúdo e progressão — estilo acima de substância

A narrativa acompanha Touma, um piloto polonês em desgraça que tenta reconstruir sua reputação na cena do drift japonês. A história é contada por mais de 40 páginas de mangá, uma homenagem estilizada a Initial D (mangá seinen escrito e ilustrado por Shuichi Shigeno e publicado na Young Magazine da editora Kodansha de 1995 a 2013).

Apesar do charme visual, a trama é marcada personagens rasos, diálogos forçados e clichês de anime (como impressionar a garota usando drift). As missões mesclam batalhas de drift, corridas de aderência, entregas cronometradas e corridas de táxi-drift, mas a repetição de desafios por pontos cansa.

A campanha de 10–12 horas culmina em pouco conteúdo pós-campanha — basicamente eventos repetidos ou apostas de drift clandestinas — deixando os jogadores ávidos pelas prometidas atualizações de multiplayer.

O sistema de personalização se destaca: com mais de 22 carros JDM licenciados (Nissan Skyline, Mazda RX-7), é possível ajustar desempenho e estética. Contudo, peças são travadas por níveis de reputação grindáveis, e a complexidade da tunagem pode intimidar jogadores casuais.

JDM: Japanese Drift Master
Reprodução/Gaming Factory

Veredito

A ambição de JDM esbarra em falhas técnicas. Problemas de desempenho atingem até máquinas poderosas: frame drops, pop-in de texturas e telas de carregamento intermináveis quebram o ritmo. A interface é frustrante: menus poluídos, GPS via smartphone que desorienta e sistemas mal explicados (como recompensas em dinheiro que às vezes não aparecem).

O áudio é irregular: sons de motores (gravados de carros reais) rugem com autenticidade, mas barulhos de pneus e colisões soam genéricos. As rádios variam de phonk e eletrônica adequadas a músicas de TikTok deslocadas — salvas apenas por canais de eurobeat.

Atualizações pós-lançamento (como saves na nuvem) mostram compromisso, mas o jogo base parece uma versão early access. Pelo preço de R$ 130, é um produto para fãs hardcore de drift que toleram falhas; jogadores casuais podem achar o pacote cru.

O jogo é uma homenagem apaixonada à cultura automotiva japonesa, entregando drift eletrizante e personalização profunda em um mundo aberto deslumbrante — porém raso. Seus problemas de design — corridas de aderência quebradas, missões repetitivas e jank técnico — revelam um jogo lançado antes do ponto ideal. Para fãs de drift, é uma experiência divertida (apesar das falhas); para outros, só vale como passeio turístico virtual — e só depois de ajustes.

JDM: Japanese Drift Master
Reprodução/Gaming Factory

JDM: Japanese Drift Master já está disponível para PC via Steam e Epic Games Store.

*Chave para PC para produção desta análise cedida por Gaming Factory

REVER GERAL
Enredo
Direção
Trilha Sonora
Jogabilidade
Design
Matheus
Fã de Yu-Gi-Oh!, Drakengard/NieR e Tomb Raider. Nas horas vagas, analista de Relações Internacionais e professor de inglês.
critica-jdm-japanese-drift-master-tenta-celebrar-o-automobilismo-japones-mas-nao-vai-longeJDM: Japanese Drift Master é uma homenagem apaixonada à cultura automotiva japonesa, entregando drift eletrizante e personalização profunda em um mundo aberto deslumbrante — porém raso. Seus problemas de design — corridas de aderência quebradas, missões repetitivas e jank técnico — revelam um jogo lançado antes do ponto ideal. Para fãs de drift, é uma experiência divertida (apesar das falhas); para outros, só vale como passeio turístico virtual — e só depois de ajustes.