My Hero Academia sempre foi uma série muito querida para mim, já entrando na minha lista de preferidos desde a primeira temporada, e depois da terceira o hype foi tão grande que eu decidi continuar a história pelo mangá. Eu parei de ler, coincidentemente, exatamente na parte adaptada no último episódio da temporada 4, episódio 88. Essa introdução é para esclarecer que eu tenho pouca ideia de como as coisas vão se desenrolar daqui pra frente, e como certas temáticas que me preocupavam vão ser tratadas pelo roteiro.
Com essa retratação em mente, agora eu posso dizer: Como esse anime é bom, hein? O episódio 89, como nas últimas temporadas, é um filler focado em fazer uma recapitulação rápida dos últimos passos da história, e uma reapresentação dos personagens principais e dos seus poderes. O que acaba sendo um tiro no pé porque em algum momento de toda temporada, essas informações acabam aparecendo naturalmente na história. Mas o episódio serviu também para mostrar o “Big Three”, como eles lutam e agem em exercícios. E sempre bom ver Mirio feliz, independente do contexto.
Episódio 90 e a família Todoroki
Agora, no episódio 90… Os tons de cinza da narrativa de My Hero Academia já é visível desde a primeira cena. Hawks e Endeavor, depois de uma luta extremamente desgastante acabam sendo cercados por Dabi, da Liga dos Vilões. Ele diz que só veio buscar o Nomu que foi derrotado, mas encena um ataque, que é rapidamente interrompido por Mirko (que eu carinhosamente apelidei de mulher coelho), o que faz com que Dabi se retire, com a ajuda de alguém com o mesmo poder de transportar que All For One usou no incidente de Camino, sem deixar de se referir a Endeavor pelo seu nome civil, Enji Todoroki, o que levanta uma série de questões.
Hawks então é mostrado numa reunião com o próprio Dabi, onde ambos reclamam da outra parte não ter mantido o acordado. Como num curto jogo de xadrez, ambos têm argumentos para manter a desconfiança um do outro, mas Hawks joga sua conversa e acaba desfazendo o conflito, enquanto em segundo plano, a história de Hawks é explicada, desde um prodígio até ele se tornar o Herói numero 2 e agora, agente duplo.
Endeavor então volta para casa, para pela primeira vez em anos ver seus filhos reunidos, mas nada está bem como sua filha Fuyumi queria. A presença de Enji causa um grande desconforto em seus filhos, e ainda que ele “esteja aberto a conversar”, tanto Shoto quanto Natsuo estão muito machucados por uma vida de abusos e desinteresse da parte de seu pai.
Natsuo não consegue manter a compostura na presença do seu pai, mas ao ver a matéria sobre seu pai na televisão, Shoto consegue colocar em palavras seus sentimentos de remorso, que apesar de a opinião pública sobre o “Herói Endeavor”, o Pai Enji Todoroki não pode simplesmente voltar e achar que tudo vai estar bem. Enji se desculpa e diz que não soube conversar com Natsuo. Esse drama da família Todoroki realmente é uma boa camada para essa história densa, e até o momento, é bem feito. Pessoalmente, eu não acho que perdão seja o caminho para Endeavor, mas vou me reservar até ver onde a história vai levar.
Os Vestígios
Mas, apesar do que esse episódio mostrou, a série não é só sobre a família Todoroki. Midoriya volta para o dormitório depois de uma noite treinando o One For All, tem um sonho onde ele vê claramente o que antes eram vultos. E ele vê dois homens discutindo, e uma voz familiar. Um deles é All For One, e o outro é quem ele se refere como irmão. Midoriya vê então como All For One tratava as pessoas, retirando individualidades de uns e colocando em outros, não por força bruta mas por convencimento. E carisma e grande poder de persuasão são as características principais de um ditador.
Num sistema parecido com os clássicos filmes ocidentais de máfia, tudo que All For One pede em troca de distribuir individualidades é que as pessoas estejam lá para quando ele precisar. E no episódio 91, a história se aprofunda, mostrando que já existia um grupo tentando parar All For One de alguma forma, mas todos foram mortos. E numa exibição bruta de poder, ele injeta uma individualidade à força no seu irmão. E finalmente, o vestígio do Primeiro que está presente dentro de Midoriya o conta que ele ainda não está pronto para saber de tudo, visto que ele só consegue usar 20% do One For All. Entretanto, ele menciona que ele “já passou pela Singularidade”.
Ao questionar All Might sobre o que ele viu em seu sonho, ele conta que não passou por essa experiência dessa forma. Ele teve um sonho, e sua mestra explicou o que poderia ser, mas nunca mais o One For All se manifestou dessa maneira. O que eu imagino que vá iniciar uma jornada de autodescoberta até Midoriya entender seu poder e descobrir a história dos que vieram antes dele.
Treinamento de Batalha
Na aula, os professores organizam um exercício de batalha entre a turma 1A e 1B, finalmente indo à fundo nos alunos da turma B e no que os torna especiais. A última vez que houve alguma exposição da turma B nesse sentido foi na terceira temporada, durante o ataque da Liga dos Vilões à base do treino de campo da UA. Mas agora com uma surpresa maior: Shinso, o mesmo aluno da turma comum que chegou à fase de combate no festival de esportes, o mesmo que tem poderes de lavagem cerebral, agora está decidido a entrar para o curso de Heróis.
Além de sua determinação, sua atual roupa também surpreende os alunos. Ele usa o uniforme de atividade física da escola, junto à bandagens parecidas com as do Eraser Head, e um aparelho próximo à boca. Ele é sorteado para fazer parte de uma equipe da turma A e uma da turma B, aleatoriamente, num exercício que consiste em times de heróis e vilões, e cada time precisa capturar os integrantes do time oponente. Shinso é sorteado para a primeira rodada pela turma A, e eles entram em batalha. O time da turma A não ganha muita área em relação ao inimigo, e ainda caem na armadilha da turma B e são atacados por Shishida, que tem um poder semelhante ao Fera dos X-Men.
Tsuburaba, da turma 1B, prende os alunos do time 1A em bolhas de ar, impedindo que eles se comuniquem, deixando só Kaminari e Shinso, mas no momento que Shishida ia dar o seu golpe final, Shinso usa seu aparelho vocal para imitar a voz de Tsuburaba e acaba neutralizando o oponente com a sua “lavagem cerebral”, e o episódio termina com o gancho para o contra-ataque da turma 1A.
O retorno de My Hero Academia
My Hero Academia voltou sem tirar o pé do acelerador, conseguindo engatar a história tanto para quem está maratonando a série quanto para quem voltou a assistir agora, depois de um ano. Os momentos de pouca ação são tão envolventes quanto os de combate, e finalmente nós conseguimos uma dinâmica real entre a família Todoroki, e saber o passado do One For All. Mas isso ainda sim deixa dúvidas. Quem foram os antecessores de Nana Shimura, mestra de All Might, e de quem são os dois vultos que não são reconhecidos por Midoriya em seu sonho? Espero não ter que esperar tanto para descobrir.
E o arco de Shinso sempre foi um que me chamou muita atenção, pois ele flerta com as mesmas motivações de alguns membros da Liga dos Vilões, de terem sido colocados pela sociedade nessa posição de Vilões, mas apresentando maneiras diferentes de lidar com isso. E essa autocrítica da sociedade de My Hero Academia é um dos pontos mais interessantes da história que o anime quer me contar.
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